Na vida, todos temos “momentos traumáticos”. Ou seja, aqueles momentos que, de repente, mudam tudo e, ao mesmo tempo, de certa forma, não mudam nada.
Pessoas que chegam em nossas vidas ocupando espaços que julgávamos não existir. Pessoas que partem deixando conosco apenas lembranças e saudade. Notícias de tempos difíceis se aproximando. Um exame que demonstra que um tratamento difícil deu certo. Começos e conclusões. Chegadas e partidas. Recomeços e continuidades.
Ontem a noite estava vendo um vídeo de minha irmã, uma jovem avó, “dançando” com seu netinho.
Enquanto escrevo este texto, escuto meu filho mais novo “jogando basquete” com a avó e lembro do mais velho, que está longe de mim há alguns dias em função desse tal coronavírus.
Perto de mim, está uma prateleira onde repousa um anel que era do meu pai. As vezes, meu olhar se perde e se encontra naquele anel. Sinto um aperto no peito e uma vontade enorme de ligar para o meu pai. O número, que era dele, continua salvo na agenda de contatos do meu celular. Ele partiu há quase dois anos e ainda não tive coragem, nem vontade, de apagar o registro dele.
Pouco antes do coronavírus virar o mundo de pernas para o ar, chorei junto com uma grande amiga ao ser informado por ela de que o câncer que ela enfrentava havia sido derrotado. Ela estava “limpa” e viva!
Nessa semana, um grande amigo me avisou de que a mãe dele havia partido. Há tempos ela fazia um tratamento complexo. Mesmo assim, a partida dela foi uma surpresa.
Outro grande amigo, por outro lado, está vivendo a expectativa de conhecer seu primeiro filho. Outro, ainda, que estaria em momento semelhante, está enfrentando imprevistos e exames – parece que nem tudo está certo.
Fatos fortes na vida de gente que tem encontrado força para, de certa forma, achar certezas nesses tempos incertos. É a vida mostrando, de forma nítida e em cores, que muito do que consideramos grandes problemas são só leves incômodos, também aquilo que consideramos grandes conquistas são apenas soluços de felicidade.
Que todos tenhamos força e “cabeça no lugar” para persistir nessa montanha russa!
Todos esses que estão por aí… Atravancando meu caminho. Eles passarão! Eu passarinho.
(Mário “poetinha” Quintana!)