Começo o dia com o Salmo 111.
Verso a verso, ele afirma o essencial: Deus é grande. Suas obras, permanentes.
Nada é casual. Nada se perde.
O salmo tem estrutura. Mas também tem assombro.
Não organiza o mistério. Só se curva diante dele.
“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria.”
Não é medo.
É reverência lúcida.
É reconhecer que Deus sustenta o que criou.
Com justiça. Com fidelidade.
Temer é ver com clareza.
Sem ilusão.
Sem reduzir Deus à nossa medida.
As obras descritas ali não são lembranças.
São sinais.
De um estilo que se repete.
Um ritmo divino que atravessa o tempo.
Sabedoria não é soma de saberes.
É consentimento.
Viver em sintonia com a realidade como ela é.
Firme. Justa. Compassiva.
Deus não cabe na linguagem.
Mas se deixa notar.
Nos traços. No ritmo. No chamado.
Ele fala.
Não pra dominar.
Mas pra alinhar.
Temer ao Senhor é reconhecer isso.
E dar o primeiro passo.
O único que importa:
ver, curvar-se, caminhar.