Dia de Salmo 97.
Salmo 97 não descreve um cenário. Revela uma postura. Deus é amor, mas se assenta em trono de justiça e juízo. É bom, mas não é bonzinho.
Falar em trono é símbolo, não geografia. A linguagem é poética, não literal. A moral que o Salmo propõe não é teórica. É prática. Não se entende com lógica. Se reconhece no viver.
A alegoria é clara: Deus vence a idolatria. Não só as imagens de pedra. Mas toda recusa em amar o que é, de fato, amável. Trocar o eterno pelo imediato. O infinito pelo finito.
Quais são os deuses da sua vida? Dinheiro, corpo, reputação. Paixões que consomem. Poder que isola. Vaidades que não sustentam. “Correr atrás do vento” como já avisava Salomão.
A pergunta se inverte: o dinheiro te serve, ou você serve a ele? O mesmo vale para seu corpo. Para as redes. Para a imagem. Coloque-se em posição de servidão, e terás um deus. Mesmo que jure não acreditar em nenhum.
Achar que Deus exige adoração por necessidade é não compreendê-lo. Ele pede proximidade não porque carece. Mas porque sabe do estrago da distância. É ato de amor. Não apelo.
Mesmo quem diz que Deus é a natureza sabe: ela julga. Julga sem palavras. Com fatos. Afastar-se de suas leis cobra preço. Sempre. Deus em que acredito não pune, ele funciona.
Adorar, nesse sentido, é buscar compreender essas leis. Não bajular. Alinhar-se. Reconhecer que Ele não age por capricho. Age por essência. Por isso diz: “Eu sou o que sou”.
O Salmo propõe uma ética: odiar o mal, viver o bem. Mas o que é o bem? Não se define por decreto. Se descobre. E quem o busca de verdade, está, no fundo, buscando Deus.