O Salmo 101, de Davi, é um compromisso de convivência com Deus. É um convite à prática, à conversão verdadeira. Mas como conviver com alguém que pensa de forma diferente de nós? Que percebe o mundo por outras lentes? Como tornar essa convivência possível?
Estar com Deus exige mudança de atitude. Não de Deus, que é perfeito, mas de nós, que somos imperfeitos. E essa mudança, inevitavelmente, será difícil. O salmista reafirma seu compromisso com a justiça e a misericórdia, com uma vida pessoal íntegra, com a rejeição do mal e dos malfeitores, com a escolha de boas companhias e com o zelo por governos justos.
A convivência com Deus exige vigilância ativa. Requer afastar-se das tentações e das provações, não por orgulho, mas por necessidade. Implica buscar a companhia de quem partilha da mesma busca e, com respeito, afastar-se de quem não compartilha. Não por desprezo, mas para preservar a integridade. Não é fácil, mas é necessário. E somente com Deus isso se torna possível.
É grandeza ou apenas instinto de autopreservação revestido de teologia? É necessidade moral ou soberba espiritual? A resposta depende da honestidade da busca pela verdade e da preservação da humildade. Por isso, o crente ora e medita sobre a vontade de Deus, que não muda porque é eterna.
A convivência com quem faz escolhas diferentes pode aumentar as tentações, trazer provações, provocar faltas e, com elas, conduzir à queda. Mas esse afastamento não representa julgamento nem condenação. Não se trata de negar amizade, mas de reforçar a integridade.
Livre, de fato, é quem consegue escolher o que não deseja. Quem não consegue, torna-se escravo de seus próprios impulsos. E esses desejos imediatos, muitas vezes, sacrificam conquistas maiores. Isso não é abnegação, é escolha consciente.
O salmo é sobre grandeza. E o primeiro passo da grandeza é dominar-se. A santidade não exige isolamento, mas exige distinção relacional. É uma ideia universal, mas que só pode ser aplicada individualmente.