Capítulo 8 dos Cânticos de Salomão. O último.
“O amor é forte como a morte.” Frase forte. Não é frágil, nem leve, mas absoluto. Violento até. É como fogo que vem de Deus. Não se compra, não se troca. É dom. É marca.
A amada quer amar sem vergonha, sem esconderijo. Quer demonstrar afeto publicamente. O amor verdadeiro não quer se esconder. Ele quer ser visível. Quer se mostrar inteiro.
Depois, ela pede: “Põe-me como selo sobre o teu coração.” O selo é símbolo de posse, de identidade, de proteção.
Mais à frente, ela diz que é como muro, e seus seios são torres. E ele responde: nela encontrou a paz. Sulamina, nome da amada, quer dizer pacificada. Ele, Salomão, quer dizer Pacificador. Alegorias para nossa alma e Deus.
Quando a amada fala da sua vinha, entendo: ela está dizendo que sua vida é sua para entregar. E ela entrega. Assim também devo ser eu ao Senhor. Não por imposição mas por escolha.
O fim, surprente. Não é o final esperado. É convite. É pedido. “Foge, meu amado…” O amor continua em movimento. A história não fecha. Porque amar é buscar, é movimento que não cessa. Às vezes se encontra, às vezes se espera. Nem sempre é presença. Às vezes é saudade.
O livro acaba, mas a lição não. O amor de Deus é mais forte do que qualquer ausência. Ele é fogo que consome o medo. É água que não se apaga. E mesmo quando Ele parece longe, a certeza dEle me acende por dentro.