06/12/2025

Aprender uma língua é aprender um jeito de pensar. De sentir. De agir. E, há bastante tempo, aprendi outra coisa. Uma pessoa só consegue ter as ideias que consegue expressar. Vocabulário curto limita pensamento. A língua molda o pensar. Sempre.

Quando descobri como o Hebraico Bíblico funciona, tudo se encaixou. Ele não trata passado, presente e futuro como nós tratamos. Não organiza o tempo em caixinhas. Trabalha com aspectos e relações. Ação completa. Ação em curso. Ação desejada. Ação condicionada. Ação narrada. Ação antecipada. O tempo aparece pelo contexto. Pelo fluxo. Pelo gesto da frase. Para entender o tempo de qualquer coisa no texto bíblico original, é preciso entender o contexto. Sempre. Senão é erro certo. Uma ação pode estar completa porque já aconteceu. Ou porque é certeza de que será.

Só isso já me deu vontade de aprender hebraico. Porque traduzir não é trocar palavras. É trocar de mentalidade. Para ter ideias ricas, precisamos de vocabulário rico. Para entender uma cultura, precisamos entender a língua. O hebraico prova isso. Ele molda o povo. E o povo devolve sentido à língua.

E aí entendemos por que Israel insiste em falar uma língua que quase ninguém falava mais. Não é teimosia. É sobrevivência. É identidade. É o jeito de manter vivo o jeito de pensar. A relação com o mundo. A relação com Deus. Uma língua guarda um povo inteiro. Sem língua, a cultura desmancha.

Essa lógica aparece no próprio texto bíblico. O hebraico combina com o tipo de mensagem que a Bíblia entrega. Deus fala em estados. Em movimentos. Em conclusões que antecedem os fatos. O futuro vem escrito como passado porque está garantido. A promessa parece memória porque a palavra sustenta antes de acontecer.

E talvez o melhor exemplo disso seja quando Deus diz “Eu sou”. O hebraico usa Ehyeh. Um verbo que não fixa tempo. Não diz “eu fui”. Não diz “eu serei”. Diz presença. Diz continuidade. Diz ação e estado ao mesmo tempo. É identidade fora das caixinhas cronológicas. A língua não deixa reduzir Deus a um instante. Ela protege o sentido.

E tudo isso volta para a língua. O hebraico obriga o leitor a buscar sentido no movimento, não no calendário. Obriga a perguntar como algo está, não quando ocorreu. Mostra que o tempo, no texto bíblico, não é linha. É sinal. É maturação. É o estágio em que a ação se encontra.

A língua registra essa visão. Preserva esse jeito de ler a história. Ensina esse modo de perceber o agir de Deus. E talvez essa seja a força do hebraico. Ele não descreve só eventos. Descreve o modo como um povo inteiro entende o mundo. E o modo como esse povo aprendeu a esperar.

06/12/2025

Jeremias 41 mostra o dia em que a esperança recém-nascida foi quebrada por dentro. Não foi a Babilônia que destruiu o remanescente. Foi Ismael. Foi a ambição mascarada de direito. Foi o ressentimento disfarçado de coragem. Às vezes o golpe fatal não vem do inimigo, mas de quem compartilha da mesma história.

Gedalias acreditava na possibilidade de reconstrução. E pagou com a vida por confiar sem medir riscos. Ismael acreditava que merecia o trono. E arrastou outros para a tragédia. Joanã tentou reparar, mas já era tarde. No fim, o povo fez o que povos feridos sempre fazem: fugiu. Não por covardia, mas por medo. O medo tem uma força que dispensa lógica.

O capítulo expõe uma dinâmica dolorosa. Depois de tanto estrago externo, o que restava de Judá foi ferido pelo próprio Judá. Quando a comunidade se fere por dentro, a ruína deixa de ser acidente e vira consequência. O gesto de um homem abalou o destino de muitos. E, ainda assim, ninguém conseguiu parar o ciclo.

Talvez a lição mais dura seja essa. Há momentos em que aquilo que destruímos dentro de nós pesa mais que aquilo que o mundo nos impõe. E quando deixamos o medo decidir nossos próximos passos, acabamos caminhando para longe do lugar onde a esperança poderia ter renascido.

05/12/2025

Angústia é aquele instante em que a alma percebe que está diante do possível e do impossível ao mesmo tempo. Uma abertura. Um abismo. Não é medo de algo concreto, é a vertigem da liberdade. Kierkegaard falava disso com precisão: angústia é o preço de escolher quando nada garante que escolheremos bem.

Heidegger empurra o pensamento um pouco mais fundo. Para ele, a angústia desnuda o mundo. Retira o ruído. Mostra que estamos lançados num existir sem manual. É o momento em que tudo perde cor, mas justamente por isso aparece o contorno do que importa.

No fundo, angústia é um chamado. Um lembrete de que estamos vivos demais para fingir que tudo está resolvido. É desconforto, sim. Mas também é convite: a vida pedindo que a gente pare, olhe para dentro e decida quem quer ser no próximo passo.

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