Cânticos 3. A amada que, no meio da noite, percebe a ausência de seu amado. Busca. Encontro. Realeza. Literalidade.
Mas a Palavra nunca se esgota na superfície. A noite não é apenas ausência, é metáfora da alma inquieta. O coração que não se contenta em ficar parado, que se levanta e caminha até achar Aquele que é digno de ser encontrado.
As ruas e praças falam da vida em comum: é preciso atravessar o coletivo, com seus ruídos e obstáculos, para então encontrar o Amado no meio do mundo. O encontro é intenso, é apego, é não deixar escapar. É levar o amor para o espaço mais íntimo: “à casa de minha mãe, ao quarto daquela que me gerou”.
E então surge o cortejo real. O leito de Salomão, guardado por homens valentes, é imagem de majestade e de segurança. É o Amado que não é apenas intimidade, mas também Rei. Amor e soberania se encontram: ternura que envolve, mas também poder que protege.
No plano espiritual, tudo se eleva. A busca é da alma por Deus na escuridão. O encontro é da fé que não solta o Amado quando finalmente o reconhece. A realeza é a revelação de que este Amor não é comum: é o Reino de Deus que se aproxima, é a promessa messiânica que brilha, mesmo na noite.