A regra básica de qualquer iniciativa transformadora nos negócios se aplica, também, à jornada digital: antes de começar, é necessário que fique demonstrado retorno suficiente para o investimento (ROI). Quanto maior o ROI, mais prioridade – afinal, é o resultado que dá fôlego para que a organização cumpra seu propósito.
A tecnologia não é gratuita, tampouco costuma ser barata. Se os custos para criação, implementação e manutenção de recursos digitais excederem os benefícios gerados, então, eles não valem a pena. Nem tudo que é digital é mais barato ou escalável!
Cabe aos decisores investir de maneira assertiva. Para os proponentes do novo, o desafio é sustentar suas recomendações em bases sólidas, livres de achismos e paixões. Afinal, quando é difícil apontar as vantagens de uma mudança é porque, provavelmente, elas não existem. Tecnologia deve ser propulsora para a competitividade, nunca o inverso. Alguém, ou melhor, todos precisam fazer as contas!
No geral, quando a digitalização é possível, vale a pena. Assim, a dúvida, quase sempre, não é “se” mas “quando” ela deve ocorrer. O óbvio, e geralmente correto, é fazer primeiro aquilo que gera mais valor para o negócio (não confundir com valor para os clientes ou para os usuários). Se as empresas que lucram mais são as mais competitivas, o digital deve proporcionar lucratividade.
Investimentos em automação costumam ser recompensados com saltos gigantescos de produtividade e mitigação de riscos de falha operacional. Entretanto, não podemos ignorar que tentativas de automatizar processos ainda em desenvolvimento ou em constante mudança são mais custosas e difíceis.
A tecnologia, no lugar de agilidade, não pode ser empregada para aumentar a burocracia ruim. Muitas organizações recorrem a sistemas operacionais para impor formas de trabalhar, forçando práticas. Isso, entretanto, costuma encorajar aversão maior ao novo, e pode comprometer o ritmo de transformação do negócio. Nesses casos, no lugar de tecnologia, o que precisa se desenvolver é confiança. Aliás, toda decisão que encontra resistência deveria ser revisada e não imposta. Quando uma mudança é difícil de implementar, deve estar “ofendendo” a cultura vigente. Não há transformação digital sem transformação cultural. A tecnologia, embora poderosa, não resiste como bengala para culturas ruins.
Há cenários onde o dia a dia está sendo impactado por alguma tecnologia emergente. Nesses cenários, não há outra opção senão entrar “em sintonia” com a novidade, sob alegação de garantir a sobrevivência. Porém, é importante destacar que a disrupção tecnológica é rara frente a causada por novos modelos de negócio. Logo, as mudanças são mais profundas e complexas do que parecem superficialmente.
Um bom palpite para determinar boas oportunidades para uso de recursos digitais é a otimização de “gargalos” nos processos, ou seja, aquelas etapas que notoriamente estão comprometendo o desempenho global. Geralmente neles, os ganhos são maiores.
Há tempos, o ROI tem sido utilizado para definir o que fazer primeiro nas organizações. Pode até não ser o aspecto mais importante em 100% dos casos. Entretanto, ignorá-lo é certeza de tempos turbulentos.