03/06/2025

Terça-feira, pouco depois das seis

Dia de estudar o Salmo 91.

Salmo 91 é uma poderosa declaração de confiança.
Não sabemos ao certo quem escreveu — alguns dizem Moisés, outros, Davi.
Mas talvez essa ausência já diga algo: o sujeito principal aqui não é o homem, mas Aquele em quem ele confia.

O texto fala da “morada do Altíssimo”.
Mas isso não é endereço.
É postura.
Não é um local físico ou institucional —
é uma forma de estar no mundo.

Habitar essa morada é alinhar-se com o que é.
Não com o que gostaríamos que fosse.
É escuta. É reverência.
É obediência ao ritmo da criação.

Creio que Deus criou um mundo ordenado.
Aberto. Vivo. Coerente.
Nosso descompasso com essa ordem não é falha do mundo —
é resistência nossa.

O mal, muitas vezes, nasce da fricção entre nosso desejo e a realidade.
Insistimos em dobrar o mundo ao nosso juízo.
Mas a verdade nos convida a outra coisa:
reagir como deveríamos, não como queremos.

Submeter-se à realidade não é fraqueza.
É coragem.
A força que nasce do reconhecimento do limite.
Mas sejamos honestos: mesmo querendo acertar, falhamos.

Somos desajustados ao tempo das coisas.
Lentos para ouvir.
Rápidos para julgar.

Por isso a salvação não é conquista.
É Graça.

Graça é o lugar onde nossa incapacidade encontra misericórdia.
Somos salvos não porque entendemos o que é certo,
mas porque fomos amados antes disso.

E o que é fé, então?
Fé é escuta.
É confiar que Deus sabe mais.
É aderir ao real com confiança, mesmo sem controle.

Jesus, o Verbo encarnado, veio lembrar o que ignoramos:
que o Reino começa por dentro,
e que a segurança real não está em evitar o mal,
mas em estar enraizado no Bem.

Muitos se perdem em nomes, rótulos, dogmas.
Mas o Senhor é Verbo — não adjetivo.
Palavras importam, mas não são o fim.
Quando absolutizadas, viram muros.
E Deus não habita ídolos verbais.

Fé sem conduta é discurso vazio.
Conduta sem escuta é ativismo cego.

Tento, ainda que falhe, viver como quem habita essa morada.
Não por mérito.
Mas por desejo de estar onde o Verbo fala.
Onde a vida se ajusta ao eterno.

Descrever essa morada é ato de adoração — não de controle.
Deus não precisa da nossa linguagem.
Mas nós precisamos dela para lembrar que fomos criados.

E que é o Criador quem descreve a criatura —
não o contrário.

A morada do Altíssimo é abrigo.
É presença.
Não é fuga do mundo.
É forma de habitá-lo com coragem, esperança e verdade.

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