Chego a Isaías 23.
O ciclo dos oráculos contra as nações se fecha aqui.
O alvo é Tiro e Sidônia, senhoras do mar, pioneiras na navegação, fundadoras de colônias distantes, sustentadas pelo comércio e pela glória que parecia eterna.
A cidade coroada confiava em suas rotas, em seus navios, em seu prestígio.
Mas Isaías enxergou além da política.
A aliança com o Egito contra a Assíria foi apenas o estopim.
O verdadeiro embate não era com impérios terrenos, mas com o Senhor dos Exércitos.
Não era geopolítica. Era orgulho sendo quebrado.
O oráculo anuncia setenta anos de esquecimento.
Tempo simbólico. Um ciclo completo.
O bastante para que toda glória humana se apague.
Nabucodonosor cercaria Tiro.
Alexandre a arrasaria séculos depois.
O que parecia intocável tornou-se pó.
Mas a palavra não termina em ruína.
Após o silêncio, Tiro voltaria ao comércio.
Não mais para si.
Seus lucros seriam consagrados.
O ganho da meretriz se tornaria sustento dos que vivem diante de Deus.
O mesmo fluxo que alimentava a arrogância se tornaria oferta.
Tiro é símbolo duplo.
Orgulho humano que não resiste.
Riqueza transformada em instrumento de serviço.
A lição é clara.
Impérios caem. Pactos se desfazem. Glórias se apagam.
O que permanece não é a força nem o prestígio.
É a vontade de Deus.