Noites de clube, luzes de insights. Noite passada, tivemos mais um encontro intenso e revelador no nosso Clube de Estudos, mergulhando de cabeça em um tema que, convenhamos, tira o sono e acende a ambição de muita gente: como pedir aumento do jeito certo. Para você que esteve lá e quer recapitular, e para você que não pôde participar mas quer pegar o néctar da conversa, compartilho aqui algumas das principais provocações e “viradas de chave” que borbulharam por lá.
A primeira barreira que buscamos demolir foi aquele velho “mindset limitante” de que pedir aumento é feio, é sinal de que a empresa não te nota, ou qualquer coisa do gênero. A real é que, quanto mais você avança na carreira e na faixa salarial, mais raro se torna aquele aumento que cai do céu. A iniciativa, meus amigos, precisa ser nossa. E isso não é demérito, é protagonismo puro. Lembrei do caso do técnico Renato Portaluppi, que, mesmo sendo unanimidade no Grêmio por um tempo, encarava uma verdadeira “novela” anual para negociar seu salário. Se até para ele era assim, por que seria diferente para nós?
Um pilar da nossa discussão foi a responsabilidade individual pela gestão da sua própria carreira. Seu salário, sua progressão, seus próximos passos não são uma conta a ser paga pelo RH ou pelo seu chefe. Você é o maestro dessa orquestra. Isso nos levou a um papo franco sobre o mito da “insubstituibilidade”. É ótimo ser valioso, claro, mas a ideia de que a empresa para se você sair é, na maioria das vezes, uma ilusão. E, como bem pontuou um colega, “quem é insubstituível não é promovido” – afinal, como tirar a peça-chave do lugar?
Falamos muito sobre a importância vital de entender as regras do jogo da sua empresa. Como funcionam os planos de cargos e salários? Quais as faixas salariais (e suas famosas sobreposições)? E o tal do “headcount”, tem vaga para o seu próximo nível? Sem esse mapa, qualquer tentativa de pedir aumento pode ser um tiro no escuro.
Mas talvez o soco no estômago (no bom sentido, espero!) tenha sido a constatação de que fazer um bom trabalho técnico, por si só, não garante um bom salário. É o seu ingresso para o jogo, o mínimo esperado. O que realmente vira a mesa é sua capacidade de traduzir essa competência em valor para a empresa – seja aumentando receita, cortando custos ou diminuindo riscos – e, fundamentalmente, o seu poder de barganha.
E como se forja esse poder? Mantendo-se “empregável”, ou seja, uma peça cobiçada no tabuleiro do mercado. Isso passa por ter um LinkedIn que fale por você, cultivar seu networking e estar sempre de olho nas oportunidades, não como um ato de deslealdade, mas como gestão de carreira afiada. Cutuquei a onça com vara curta ao dizer que, se sua remuneração hoje é apenas fruto do seu “bom trabalho”, sem essa camada estratégica, é bem provável que uns 25% a 30% do seu potencial de ganho estejam ficando para trás.
Até compartilhei um pouco da minha jornada, de como uma conversa “daquelas” com um antigo chefe me deu o empurrão para criar o elemarjr.com e começar a construir uma marca pessoal que não dependesse do crachá da vez. Foi uma experiência que me ensinou, na prática, o peso de ser reconhecido pelo mercado.
Para dar um norte prático, apresentei um framework narrativo simples para a hora H do pedido:
- Contexto: Sua situação, os projetos relevantes, o cenário.
- Sua Contribuição: Seus resultados, de preferência com números para provar.
- Pedido Específico: O que você quer, sem rodeios.
E, claro, a preparação é a alma do negócio. Como sempre digo, “sob pressão, seu desempenho é reduzido ao seu nível de treino”. Chegar para essa conversa no improviso é pedir para sair de mãos abanando.
Por fim, uma das lições mais cruciais, na minha visão, é a necessidade de verbalizar o desejo financeiro. Quantas vezes vemos colegas ganhando mais responsabilidades, um título pomposo, mas o extrato bancário continua o mesmo? Se o seu objetivo é um upgrade na remuneração, isso precisa ser dito, com clareza e a confiança de quem sabe o seu valor. Afinal, se nem você se sente à vontade para dizer que merece mais, como esperar que o outro lado adivinhe?
Que essas reflexões sirvam como combustível para você analisar sua trajetória e traçar seus próximos movimentos com ainda mais estratégia e assertividade. O futuro, como bem sabemos, é construído por aqueles que ousam pensar – e agir – diferente.