Leio três livros ao mesmo tempo.
Quer dizer… tento.
A maioria fica pela metade.
Já tenho uma estante só de histórias interrompidas, mas juro que um dia volto.
Compro mais do que consigo ler.
E tem livro que gostei tanto… que comprei duas vezes.
Esqueci que já tinha. Ou então quis acreditar que, dessa vez, ia ler até o fim.
Sou desses.
Compro, não leio, mas me sinto mais inteligente só de saber que o livro está ali.
Na prateleira. Esperando.
Como se fosse absorver por osmose.
O lugar que mais gosto de visitar são livrarias.
Até as online.
Posso passar horas fuçando, adicionando ao carrinho, relendo sinopses de livros que nunca li.
E quando finalmente compro…
Fico até ansioso acompanhando o rastreio.
Confiro o status, o CEP, o trajeto do pacote.
É quase uma contagem regressiva.
Mas quando o livro chega…
Vai direto pra prateleira da falta de tempo.
Aquela onde moram os que esperam “o momento certo”.
Que, às vezes, nunca vem.
Mesmo assim, insisto em levá-los pra viajar.
Sempre tem pelo menos dois na mochila.
Não significa que leio.
Mas eles me acompanham, passeiam, veem paisagens.
E não estão sozinhos.
Vão junto dois computadores. Sempre.
Além de Kindle — às vezes mais de um.
E tablets também. Todos com a mesma desculpa: “uso pra ler”.
Ou seja, carrego uma biblioteca ambulante.
Mais os cabos, os cadernos, os planos…
Parece que vou ficar fora um mês.
Mas é só um fim de semana. E, com sorte, leio duas páginas.
Quem me conhece já sabe:
“Você gosta é de carregar peso.”
Talvez seja isso mesmo.
Como quase não vou à academia, compensa.
No fundo, o problema é sempre o mesmo:
falta dia no meu tempo.
As horas correm, os livros me olham.
E o mais curioso de tudo?
A gente paga caro por um livro… e ainda tem que ter o trabalho de ler.
Um absurdo. Mas sigo comprando.