Poucas empresas foram tão impactadas por inovações disruptivas quanto a Encyclopaedia Britannica – empresa com mais de 250 anos. Entretanto, diferente de muitas outras que foram afetadas por inovações, a companhia conseguiu se reinventar e está mais lucrativa do que nunca. Trata-se de um exemplo concreto de transformação digital (Mais do que recomendo a leitura da entrevista do presidente da empresa, compartilhando sua perspectiva da evolução da empresa, para a HBR).
Líder absoluta em enciclopédias impressas, a Britannica viu seu modelo de distribuição ser destruído com a popularização do CD-ROM e com o surgimento de um concorrente poderoso (a Microsoft). Depois, viu seu modelo editorial ser amplamente questionado com a popularização da Internet e o surgimento da Wikipedia (com o crowdsourcing). Mesmo assim, a empresa se redefiniu como uma empresa de educação e continua diversificando suas ofertas de forma competente.
O que podemos aprender com a Britannica?
I think the best thing that a person can do when he or she is running a business is looking at where the revenue’s coming from, and listening to the customers. (Jorge Cauz, presidente da Britannica)
Para sobreviver e prosperar, a Britannica precisou ser muito ágil em diversas dimensões estratégicas, todas associadas a transformação digital. Vejamos algumas de suas ações:
- Redefiniu seu modelo de distribuição, optando pelo acesso digital através da Internet, eliminando intermediários, chegando diretamente a seus clientes.
- Reconheceu a importância das redes de consumidores investindo na formação e manutenção de uma comunidade ativa de clientes conectados em uma pluralidade de mídias sociais.
- Definiu claramente o ciclo de vida de suas diversas ofertas, reconhecendo, inclusive, o momento mais oportuno para descontinuar seu produto mais icônico (a enciclopédia impressa), tomando cuidado para não causar danos colaterais a marca.
- Aumentou a frequência de atualização de seus produtos (os artigos da empresa são atualizados continuamente)
- Investiu para criar um posicionamento forte para a marca, baseado em sua capacidade de fazer curadoria e segmentando de forma eficiente o mercado.
- Foi ágil em reconhecer novos competidores, pouco tradicionais e digitais (Primeiro, a Microsoft. Recentemente, a Wikipedia).
- Repensou seu modelo de negócios, definindo-se como empresa de educação, buscando formas de remuneração mais adequadas ao novo modelo de distribuição.
- Experimenta constantemente no lançamento constante de novos produtos.
Nada garante que a empresa vai continuar sendo bem sucedida no futuro. Entretanto, até aqui, a Britannica é excelente modelo da velha economia que conseguiu, efetivamente, se submeter a transformação digital.
O que podemos fazer?
No mínimo, é tempo de avaliar os impactos do “digital” em nossos negócios. A relação com os clientes não é mais como era há 10 anos, estamos na era das plataformas, das redes e da multicanalidade. Hoje, em curtos intervalos de tempo, competidores se convertem em aliados e aliados se convertem em competidores. Uma imensidão de dados habilita o marketing analítico muito mais eficiente do que o marketing de massa. A proposta de valor é muito mais relevante que produtos e serviços atuais.
Lembre-se, o software está engolindo o mundo. Se você não entender que a capacidade de trabalhar com software (e se reinventar digitalmente) é competência core, o próximo a ser engolido pode ser você e sua empresa.
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