Isaías 26. Início do apocalipse de Isaías. A terra é atingida pelo juízo. Um texto permite duas leituras.
Se a terra é Israel, o foco é o Reino do Norte. Samaria é a cidade desordenada. Altares ilegítimos. Aliança eterna violada. Idolatria que contamina o povo. A queda vem pela Assíria. O profeta vê ruínas, luto, silêncio nas ruas. A alegria desaparece porque o pecado destruiu a própria identidade da nação.
Essa leitura se apoia na sequência do livro. Nos capítulos anteriores, Isaías anuncia oráculos contra Babilônia, Moabe, Damasco, Egito, Tiro. Quando chegamos ao capítulo 24, o olhar se volta para Israel. Depois de denunciar as nações, o profeta mostra que a própria “terra”; o povo da aliança; também está debaixo de juízo.
Se a terra é o mundo, o anúncio é universal. Toda a criação sofre. Reis e servos juntos. O vinho amarga. O canto cessa. A terra cambaleia como bêbado. Não apenas Israel, mas todos os povos estão diante do mesmo juízo.
O tom é apocalíptico. Céu e terra estremecem. O sol e a lua se envergonham diante da glória do Senhor. Os reis são aprisionados. As forças espirituais são derrotadas. Não é só história, é escatologia. Esse estilo aparece também em Daniel, Ezequiel, Joel, Zacarias e, claro, em Apocalipse. Em todos esses textos, a linguagem cósmica fala de julgamento e de renovação.
Nas duas leituras sobra um remanescente. Pequenos, espalhados, mas fiéis. Eles cantam no oriente. Eles cantam no ocidente. Eles glorificam o Senhor em meio ao caos. O fim não é apenas destruição. Deus aprisiona reis e potestades. O mal não prevalece. O Senhor reina em Sião. Sua glória supera sol e lua.
A terra pode ser Israel. A terra pode ser o mundo. Em ambos, a mensagem é clara. O pecado traz ruína. A fidelidade preserva vida. O Senhor governa tudo.