Isaías 22 não é só sobre Jerusalém, nem só sobre Sebna ou Eliakim. É sobre o entorno.
Ano 701 a.C., Senaqueribe cerca Judá. O Vale da Visão — vale de Hinom, lugar de lixo e cadáveres, símbolo de uma cidade que festeja mas fede. Jerusalém resiste, o inimigo não entra, e a cidade festeja. Mas as vizinhas tombam. Vitória dentro, ruína fora. Casas demolidas para reforçar muros, água represada em Siloé, arsenal aberto. Deus esquecido. Isaías chora, vê a farsa, a segurança que não segura.
Sebna, ministro do rei, constrói sua tumba no alto. Quer honra na morte, não teve na vida. Orgulhoso, corrupto, explorou o entorno. Deus anuncia: vou te enrolar como bola e lançar longe. E ele cai, e com ele cai o entorno.
Eliakim, filho de Hilquias, recebe veste, cinto e chave. Pai para Jerusalém, prego em lugar firme, mas tudo se pendura nele. Ramos maiores e menores, taças e bacias, peso sobre peso. A família se agarra, o entorno o explora, a bondade vira fraqueza. O prego cede, ele cai, e com ele cai o entorno.
Três erros: a cidade ignorou, Sebna explorou, Eliakim foi explorado. O entorno não foi feito para ser ignorado, nem explorado, nem explorador.
O desafio é claro: viver sem fechar os olhos para fora, liderar sem transformar o outro em degrau, amar sem se deixar devorar. Isaías mostra o limite humano. Nem muralhas, nem túmulos, nem estacas sustentam. O insensível é indigno. O corrupto cai. O justo ingênuo também.
O chamado é cuidar, ver e proteger. Sem ingenuidade. Sem opressão. Com justiça e sabedoria. Com Deus no centro.