No universo do desenvolvimento de software, especialmente quando discutimos Domain-driven Design (DDD), uma das questões que aparecem é: o modelo de domínio deve incluir a responsabilidade de definir como as mensagens são apresentadas para o usuário? Esta questão é mais profunda do que parece e toca na essência da arquitetura de software e do design centrado no domínio.
A Responsabilidade do Modelo de Domínio
No Domain-driven Design, o modelo de domínio representa as regras de negócio e a lógica fundamental do sistema que estamos construindo. Ele é o coração do negócio e deve ser preservado como tal. Mas considerem o seguinte cenário: uma violação de regra de negócio ocorreu e uma mensagem de erro precisa ser comunicada. Onde e como essa definição de mensagem deve ser feita?
À primeira vista, pode-se argumentar que o modelo de domínio, sendo focado no negócio, não deve se preocupar com a interface do usuário (UI). Vamos ilustrar com um exemplo em C#:
public class Order
{
public void AddProduct(Product product)
{
if (product == null)
{
throw new DomainException("Product cannot be null");
}
// Logic to add the product...
}
}
No exemplo acima, DomainException
é uma exceção específica do domínio que carrega a mensagem sobre o que deu errado. A camada de apresentação, por outro lado, capturaria essa exceção e decidiria como apresentá-la:
try
{
order.AddProduct(null);
}
catch (DomainException ex)
{
userInterface.ShowError(ex.Message);
}
Aqui, a responsabilidade de mostrar a mensagem ao usuário está na camada de apresentação, que pode variar conforme o dispositivo ou contexto, mantendo o modelo de domínio intocado.
Interface de Usuário e Experiência do Usuário
A experiência do usuário (UX) é moldada pela camada de apresentação. Considere que um erro pode ser apresentado de maneira diferente num aplicativo web e num aplicativo móvel. A camada de apresentação deve ser adaptável para proporcionar a melhor experiência possível, independentemente do ponto de contato com o usuário.
Essa separação de responsabilidades significa que, enquanto o modelo de domínio provê as regras e informações necessárias, a camada de apresentação utiliza essas informações para construir a UX.
Flexibilidade e Manutenibilidade
A adesão a DDD e a segregação entre domínio e apresentação resultam em uma arquitetura mais fácil de manter e evoluir. Alterações na forma como as informações são apresentadas não afetam o núcleo de negócio, permitindo que melhorias e ajustes sejam feitos com menos esforço e custo.
Para aprofundar o entendimento sobre DDD e design de UX, recomendo explorar obras como “Domain-Driven Design: Tackling Complexity in the Heart of Software” de Eric Evans e “Don’t Make Me Think” de Steve Krug, que abordam, respectivamente, os conceitos de design centrado no domínio e as práticas recomendadas para a experiência do usuário.
Conclusão
O modelo de domínio em DDD deve focar em expressar as regras de negócio, enquanto a camada de apresentação deve se responsabilizar pela experiência do usuário. A comunicação entre essas camadas é vital, mas cada uma possui suas responsabilidades específicas. No design e desenvolvimento de software, é crucial manter essa separação para promover a flexibilidade, a manutenibilidade e, em última análise, o sucesso do produto.
Nos meus grupos de estudos e mentorias, estudamos esses conceitos detalhadamente e exploramos as melhores práticas de DDD e UX para criar sistemas robustos e centrados no usuário.
TL;DR
- O modelo de domínio em DDD foca nas regras e lógicas de negócio e não deve se preocupar com a forma como as mensagens são apresentadas aos usuários.
- A experiência do usuário é responsabilidade da camada de apresentação, que utiliza as informações do modelo de domínio para construir a interface de usuário.
- Segregar a lógica de negócio da experiência do usuário aumenta a manutenibilidade e a adaptabilidade do software, permitindo evoluções mais ágeis e custos reduzidos de manutenção.