Me inscrevi na “academia” do Jordan Peterson e comecei um curso dele sobre como planejar a vida. Cheio de insights. Deixa eu compartilhar com você algumas coisas que aprendi até aqui. Veja se faz sentido para você.
Peterson defende que, antes de falar sobre planos, é preciso falar sobre visão.
Você não escolhe se terá uma visão. Isso é inevitável. O ser humano precisa de um mapa para agir. Visão é esse mapa. Uma hipótese provisória sobre quem você é, quem pode se tornar e como o mundo funciona. Mesmo quem diz que “não pensa nisso” está operando a partir de alguma visão. Geralmente curta, frágil e herdada. Sem uma visão consciente, você não decide. Você reage. Aos impulsos. À agenda dos outros. À próxima urgência.
Visão pode ser boa ou ruim. Sua ou de outros. De qualquer forma, ela é inevitável. E é justamente por isso que ela precisa ser tratada com seriedade. Agora que sabemos o que é visão, dá para falar sobre plano.
Um plano é um compromisso com uma visão.
Plano é visão encostando na realidade. É a visão comprimida em algo executável. Um ponto específico onde você consegue agir agora. Sem plano, visão vira fantasia. Ideias só ganham valor quando se transformam em comportamento observável.
A partir disso, uma constatação inevitável. A vida acontece entre dois polos. Ordem e Caos. A Ordem é o que você domina. Rotina, previsibilidade, competência. É onde o esforço costuma gerar resultado. O Caos é o que você não entende. O que escapa. Assusta. Mas é exatamente ali que mora o potencial. Nenhuma transformação real nasce do conforto absoluto.
O erro comum é buscar segurança total. Ou se lançar no desconhecido sem preparo. Nenhum dos dois sustenta uma vida significativa. O lugar certo é o limiar. A fronteira. Um pé no conhecido, para não ser destruído. Outro no desconhecido, para não apodrecer. Quando estamos nesse ponto, sentimos significado. Não é poesia. É adaptação correta. Como música. Estrutura demais vira tédio. Caos demais vira ruído. O belo está no equilíbrio.
Transformar caos em ordem exige humildade. Sempre. Às vezes a mudança necessária é grande demais e o medo paralisa. A saída não é heroísmo. É reduzir a tarefa até sobrar um passo tão pequeno que você aceita dar. Mesmo que seja quase ridículo. Funciona porque progresso não é linear. É acumulativo. Pequenas vitórias mudam o jogo. Cada passo aumenta a chance do próximo.
Coragem não é ausência de medo. É a decisão de agir apesar dele. Repetidamente. Ao confrontar pequenas coisas que assustam, você não se torna destemido. Você se torna capaz.
Viver nesse limiar também exige integração. Instintos não desaparecem. Fome, agressividade, desejo. A questão não é negar. É organizar. Colocar tudo isso a serviço de algo maior. Regras não existem para sufocar. Existem para permitir jogos mais sofisticados. Onde você e os outros conseguem prosperar juntos.
Você sabe que dominou uma rotina quando ela deixa de pesar. Quando vira jogo. Quando há presença, não exaustão.
Penso nisso como um veleiro. O barco é a ordem. Técnica, disciplina, preparo. O oceano é o caos. Imprevisível, maior do que você. Ficar no porto é seguro, mas estéril. Ir para a tempestade sem preparo é suicídio. A vida boa acontece navegando. Ajustando velas. Avançando na linha do horizonte. Nem paralisado pelo medo. Nem iludido pela segurança. Em movimento, no limite certo entre o que você controla e o que ainda precisa aprender.
Como elaborar um plano para a vida? Começando por uma visão clara. E, a partir dela, construindo um plano que saiba distinguir onde acelerar e onde avançar com cuidado. Pisando no acelerador naquilo que você já domina. Dando passos pequenos, deliberados e conscientes naquilo que ainda não entende. É assim que se expande território sem se destruir. Não é sobre controlar tudo. É sobre avançar na medida certa, no lugar certo, com os riscos que você é capaz de sustentar hoje.
Para Peterson, um bom plano para a vida consiste em estabelecer uma direção e um caminho, entre a ordem e o caos.