Isaías 33. Último dos oráculos contra Judá e Jerusalém (capítulos 28 a 33). O texto reflete o cerco assírio de 701 a.C., quando Senaqueribe sitiou Jerusalém. É uma profecia que mostra a angústia do povo diante do inimigo, mas também a libertação milagrosa operada por Deus.
A primeira parte (vv. 1–16) é marcada pelo juízo. Isaías anuncia a queda do devastador, referência direta à Assíria. O opressor que destrói será ele mesmo destruído. Em meio ao cerco, o povo clama: “Senhor, tende piedade de nós, pois em vós esperamos.” A desolação é descrita com força poética: ruas vazias, mensageiros de paz em pranto, terras férteis transformadas em deserto. Até regiões conhecidas pela abundância — Líbano, Saron, Basã, Carmelo — são retratadas como áridas.
O sofrimento é consequência da infidelidade e da quebra da aliança. O povo buscou segurança em alianças humanas, mas esqueceu o Senhor. É nesse contexto que Deus se levanta: “Agora eu me erguerei.” Sua presença em Sião é fogo devorador, chama purificadora. Somente os justos, os que falam a verdade e praticam o bem, podem permanecer diante de tal santidade.
A segunda parte (vv. 17–24) muda o tom. Surge a promessa de restauração. O povo verá Jerusalém como “habitação tranquila”, uma tenda firme, cujas estacas jamais serão arrancadas. O inimigo insolente desaparecerá. A cidade terá paz, protegida pelo próprio Deus, descrito como largos canais onde nenhum navio de conquistador pode navegar. A imagem anuncia libertação total.
No fim, Isaías exalta o Senhor como juiz, legislador e rei. Ele é quem salva. A vitória será tão completa que até os coxos recolherão o despojo do inimigo. O povo será curado, os pecados perdoados, e ninguém mais se dirá doente em Sião.
Resumindo, Isaías 33 retrata a passagem da angústia à esperança. Mostra que a infidelidade traz dor, mas a fidelidade de Deus garante salvação. A libertação de Jerusalém antecipa a promessa messiânica: um futuro de paz, perdão e restauração que só o Senhor pode oferecer.