09/07/2024

Sobre a criatura, a completeza e o Criador

Outro dia, fiz uma afirmação que gerou debates:

A criação só termina quando a criatura não depende mais do criador.

Houve quem entendeu a essência do que eu queria dizer, mas também houve quem criticou a premissa. A principal crítica foi que, ao afirmar isso, eu estaria sugerindo que podemos ou devemos nos considerar independentes de Deus, nosso criador.

Gostaria de esclarecer que, ao fazer essa afirmação, não estou negando nossa dependência de Deus. Pelo contrário, acredito firmemente que somos, e sempre seremos, dependentes Dele. No entanto, é crucial entender que essa dependência não é funcional, mas sim afetiva.

Na minha afirmação, falava em dependência funcional. Essa, talvez tenhamos do Criador, penso que não. Seria uma dependência da qual não teríamos como escapar. Ele não é assim!

A dependência funcional implicaria que não podemos agir, pensar ou existir sem uma intervenção direta e contínua de Deus em cada aspecto de nossas vidas. Isso transformaria nossa existência em algo mecanicista, sem espaço para a autonomia e a liberdade que nos foram concedidas. Porém, mesmo essa liberdade é um presente de Deus, subordinado à Sua vontade soberana.

Por outro lado, a dependência afetiva destaca a profundidade do nosso vínculo emocional e espiritual com Deus. É essa conexão que nos nutre, guia e dá sentido à nossa existência. Mesmo quando exercemos nossa liberdade, tomamos decisões e seguimos nossos caminhos, fazemos isso sob a luz da nossa relação com Deus, uma relação de amor, respeito e gratidão.

O Deus em que acredito cumpre suas promessas e nos criou com o direito ao livre arbítrio. Mas, que liberdade seria essa se não tivéssemos a opção de nos afastar Dele? Temos essa opção. Obviamente, não penso que essa seja uma boa escolha. Ainda assim, é uma possibilidade real, concedida para que nossa escolha por Deus seja genuína e não forçada. No entanto, acredito que a graça de Deus nos sustenta e guia, garantindo que aqueles que Ele escolheu perseverem na fé.

Há muito mais do que podemos entender. Deus criou o mundo para que fosse perfeito e contínuo. Tanto que se deu ao direito ao descanso no sétimo dia.

No sétimo dia Deus já havia concluído a obra que realizara, e nesse dia descansou de toda a sua obra. Deus abençoou o sétimo dia e o santificou, porque nele descansou de toda a obra que realizara na criação

Gênesis 2:2-3

Vivemos melhor quando vivemos subordinados à vontade Dele. Nesse aspecto, somos dependentes de tudo que vem Dele, que sempre foi, é e será. Mas, ao mesmo tempo, essa dependência não está nem poderia estar associada à ideia de troca.

Eu me consideraria e me considero dependente de Deus mesmo se tivesse a certeza de que não precisaria funcionalmente Dele para nada. Essa dependência é uma expressão do amor e da reverência que sentimos por Ele, e não uma mera necessidade prática.

Por exemplo, imagine um filho que ama e respeita profundamente seu pai. Mesmo quando esse filho cresce e se torna capaz de cuidar de si mesmo, ele ainda valoriza a orientação e o apoio emocional do pai. O vínculo que compartilham não é baseado em necessidades práticas, mas em um amor e respeito mútuos. Assim é a nossa relação com Deus.

Que sentido teria o amor de um filho por seu pai se fosse apenas por necessidade? Não é o verdadeiro amor aquele que escolhe permanecer, mesmo quando poderia partir? Portanto, a criação se torna completa não quando nos tornamos funcionais e mecanicamente independentes de Deus, mas quando alcançamos a maturidade espiritual para reconhecer e valorizar essa dependência afetiva. É nesse ponto que encontramos nossa verdadeira liberdade e plenitude como criaturas de um Criador amoroso.

Como disse Santo Agostinho, “Nos fizeste para Ti, e inquieto está nosso coração enquanto não repousa em Ti”.

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