Um cliente uma vez me disse que, no negócio dele, mistério é margem. O fato de ninguém entender o que ele fazia permitia margens mais altas. Não era desorganização. Era estratégia. Quanto menos gente entende o mecanismo, mais poder tem quem segura as alavancas.
Hoje de manhã, uma mentorada contou que está liderando uma iniciativa que está gerando interesse acima do esperado. A iniciativa expõe deficiências sistêmicas, e a mídia já percebeu. Quem está devendo ficou inquieto. Chamam de apoio o que, na verdade, é vigilância. Quase ninguém enxerga a estrutura que sustenta tudo. Não sabem quantas pessoas, quais processos, nada. Só sentem o tranco. Quando um lado vê o tabuleiro inteiro e o outro só vê peças se mexendo, assimetria vira liderança.
Lembro então de uma máxima que aprendi no xadrez há tempos. A ameaça costuma ser mais incômoda que a execução. Possibilidades cansam mais que lances reais. Quem quer ganhar mantém peças ameaçadas e evita simplificar o tabuleiro cedo demais. Pedir simplicidade antes da hora é coisa de principiante. Jogadores maduros sabem que o jogo longo exige complexidade administrada.
Em negócios, como no xadrez, simplificar cedo demais entrega vantagem. Complexidade bem administrada gera poder. Assimetria sustenta liderança. Jogar com gente grande é assim.