Isaías 29. O profeta volta-se agora para Jerusalém. Ele a chama de Ariel, nome cheio de sentido. Ariel pode ser “leão de Deus” ou “altar de Deus”. A cidade, lugar do templo, seria também lugar de fogo, de provação. Isaías anuncia: “Ai de Ariel, cidade em que Davi acampou.” Jerusalém, que parecia forte, seria como uma forja ardente, consumida pelo cerco e pela dor.
O anúncio se cumpre no tempo de Senaqueribe, rei da Assíria. Em 701 a.C., Jerusalém foi cercada. Muitas cidades de Judá já haviam caído. O povo ficou humilhado. A voz da cidade parecia sair da poeira, baixa e sufocada. Isaías lembra que tudo isso não era apenas obra de um inimigo. Era disciplina de Deus sobre seu povo infiel. Jerusalém confiava em alianças humanas, especialmente no Egito, mas não no Senhor.
O profeta fala também de um livro selado. Suas palavras eram claras, mas o povo não queria compreender. Era como um texto lacrado. Os corações estavam fechados. A boca louvava a Deus, mas o coração estava distante. Era religião sem vida, culto sem verdade. Isaías denuncia essa hipocrisia: honravam com os lábios, mas negavam com o viver.
A partir do versículo 17, a cena muda. O tom de juízo dá lugar a uma promessa. Isaías abre uma janela de esperança. O futuro será de transformação. O Líbano se tornará um jardim. Os surdos ouvirão. Os cegos verão. Os humildes se alegrarão no Senhor. Os pobres exultarão no Santo de Israel. O tirano desaparecerá. A mentira e a injustiça não terão mais espaço.
Jacó não será mais confundido. O povo verá a obra do Senhor e glorificará seu nome. Aqueles que murmuravam aprenderão sabedoria. Os corações endurecidos se abrirão. O futuro não será marcado pelo cerco e pela humilhação, mas pela redenção e pela vida nova que Deus trará.
Isaías 29 é denúncia e esperança. Mostra o perigo de uma fé de aparências, sem entrega. Mostra também que toda confiança humana é frágil diante do juízo. Mas anuncia a graça: Deus não abandona seu povo. Ele o purifica para restaurar. Em Cristo, o Messias, essa promessa se cumpre. Nele os cegos veem, os surdos ouvem, os pobres recebem boas novas. Nele a cidade de Deus encontra vida, justiça e paz.