Começo o dia com o Salmo 108.
É uma composição pós-Davi. Junta trechos dos Salmos 57 e 60.
Não por acaso. Há método nisso.
Louvor e súplica se entrelaçam. Fé e tensão no mesmo fôlego.
Vejo nesse salmo uma forma de esperança.
Não uma que espera o fim da guerra.
Mas a que canta no meio dela.
Os inimigos que Davi nomeia não são só exércitos.
São interiores.
Paixões. Orgulho. Idolatria. Desânimo.
A batalha não se limita ao campo.
Ela invade a alma.
Louvar antes da vitória é um ato de fé.
Não como controle. Como entrega.
A canção precede o alívio.
Porque quem crê, antecipa.
Não o desfecho, mas a presença.
A leitura espiritual não apaga a história.
A eleva.
O drama de Israel reflete algo maior.
A travessia da alma entre ruínas e promessas.
O Salmo 108 é datado. E eterno.
Fala de um tempo.
E fala de qualquer um que, mesmo ferido, escolhe começar o dia com um cântico.