Chego ao Salmo 118.
Em algumas versões, ele está exatamente no centro da Bíblia.
Entre o menor capítulo, o Salmo 117.
E o maior, o 119.
Entre o louvor universal e o louvor à Lei.
Não por acaso.
O Salmo 118 é canto de gratidão.
Mas não de quem esqueceu a dor.
É alegria que passou pela ferida.
A alma que diz “não morrerei, mas viverei” não fala da margem.
Fala do abismo.
A pedra rejeitada se torna angular.
Para quem crê, é imagem de Cristo.
Mas vai além.
É também Israel.
É cada vida desprezada.
Cada alma anônima em agonia.
Que Deus ergue; no silêncio.
O salmo está no centro.
Como a condição humana.
Entre o nada e o infinito.
E ali, Deus sussurra.