Começo o dia com o Salmo 109.
É um salmo duro. De imprecação.
Davi pede justiça. Pede punição.
Não por impulso. Por fé.
À primeira vista, é vingança.
Mas lido com atenção, é súplica por justiça.
Não humana. Divina.
A tradição hebraica entende a justiça como retribuição.
O mal deve ser confrontado.
O Salmo 109 segue essa lógica.
Lido literalmente, escandaliza.
Lido espiritualmente, revela.
As maldições não são contra pessoas.
São contra o que corrói por dentro.
Orgulho. Inveja. Falsidade. Raiva contida.
O inimigo, aqui, não está fora.
Está dentro.
Quando a oração se volta contra o mal que nos habita, ela amadurece.
Deixa de ser instrumento de retaliação.
Torna-se entrega.
Antes de recitar o salmo, cale a voz.
Quando a voz cala, Deus fala.
Peça a Deus que revele os inimigos invisíveis.
E então, ore.
Não por vingança.
Por purificação.