Jeremias 12. Josias morreu. A justiça morreu com ele. A corrupção tomou Judá. O exílio é questão de tempo.

O profeta fala. Deus ouve. Depois, Deus responde. É um diálogo entre o homem que sofre e o Deus que vê.

Jeremias pergunta: por que os ímpios prosperam? Se há um Deus justo, por que o mal parece vencer? A pergunta não é só dele. É nossa.

Deus responde. Nem sempre com o que queremos ouvir, mas sempre com a verdade. Ele não castiga o mal. Ele forma o justo. Não pune. Aperfeiçoa.

O Senhor é o bom pastor, não porque perto Dele nada falta, mas porque, com Ele, nada faz falta.

Há, porém, lamento. Deus sofre por ver seus filhos escolherem o afastamento. O exílio de Judá não é só físico. É espiritual. Mais que a perda da terra, é a perda da presença.

Quando nos afastamos de Deus, de seus preceitos, também nos exilamos. Ele não quer isso e nós também não deveríamos.

Então, que sejamos presentes com Deus. Ele aqui e nós com Ele. Nada nos falta. Nada faz falta.

Jeremias 11. O pacto quebrado. A religião transformada em ritual vazio.

Deus lembra a aliança feita no deserto. “Ouçam a minha voz, e eu serei o seu Deus.” Mas o povo responde com aparência. Promessas sem presença. Fé sem verdade.

É o tempo das reformas de Josias. O livro da Lei é redescoberto, os altares são destruídos, mas os corações continuam distantes. A obediência é política, não espiritual. A aliança é recitada, não vivida.

Jeremias vê o que ninguém quer enxergar. A fé virou fachada. O culto, escudo. A justiça, base da aliança, desapareceu.

Quando ele denuncia, Anatote conspira. Sua própria terra natal quer matá-lo. Não é o inimigo distante que persegue o profeta. São os seus, sacerdotes e parentes, aqueles que deveriam reconhecer a voz de Deus.

Anatote é o símbolo da religião que teme a verdade. Prefere calar o profeta a mudar de vida. É o sistema que se protege da consciência.

Deus responde: “Não ores por este povo.” A aliança se rompe não por esquecimento, mas por recusa. A fé virou conveniência. A palavra, incômoda.

Jeremias entende que falar a verdade tem custo. A fidelidade à aliança exige solidão. Quem fala por Deus não fala por aplauso. Fala por obediência.

Jeremias 11 não é passado. É espelho. Toda vez que fingimos fé, Anatote revive.

Ah… eu adoro amar você. 🎶

Adorar?

É deslocar o eixo do ser.
É entregar o trono do próprio coração.
É chamar de eterno o que é apenas belo por um tempo.

O que fazemos é eterno apenas enquanto dura.
E nós, que duramos tão pouco.
Nossa eternidade tem dias contados.

Parece romântico, mas é engano sagrado.
É idolatria, o amor quando esquece o limite.

Porque amar é dar sentido.
Mas adorar é perder-se no sentido dado.

E toda vez que o homem faz do finito, poder, prazer, dinheiro, imagem, até o amor, um absoluto, ele se curva diante de sua própria criação.

O amor eleva.
A idolatria escraviza.

Se adorar é só ao eterno, então só a Deus.
Mas só se você acreditar de verdade.

E o pior é que chamamos de romântico o que, no fundo, é só cativeiro com trilha sonora.