Isaías 65 é o penúltimo capítulo do livro. Parte do Terceiro Isaías. Escrito no pós-exílio por discípulos do profeta.
Os que voltam da Babilônia chegam cansados. Esperavam consolo. Veem ruínas. Veem também os que ficaram — adaptados, misturados, acostumados à idolatria. Altares corrompidos. Fé contaminada.
Deus fala. E começa com uma inversão: “Fui buscado por quem não perguntava por mim; deixei-me encontrar por quem não me buscava.” O Senhor se mostra acessível a quem estava longe, enquanto os seus, que o conheciam, o ignoram.
Não é o ritual que toca Deus. É o coração. A devoção de fora pra dentro é só aparência. O que move o divino é o que nasce de dentro pra fora.
A resposta de Deus é clara. Há juízo para os rebeldes. Há bênção para os fiéis. Um destino não anula o outro. Cada escolha gera seu caminho.
E talvez aqui esteja o ponto. Deus não castiga. O castigo é o efeito das nossas decisões. A dor é a sombra da injustiça que praticamos. Ninguém é feliz causando infelicidade.
A tribulação nasce do coração atribulado.
Mas há promessa. Um novo céu. Uma nova terra. Um tempo sem dor, sem morte, sem lágrimas. Onde o mal cessa e Deus habita com o seu povo. O mesmo Deus que julga é o que restaura.
Isaías 65 é mais que profecia. É espelho. Somos os que voltam do exílio e se assustam com as ruínas. Somos também os que precisam reaprender a buscar.
Porque a felicidade está em procurar.
E, no tempo certo, Ele se deixa encontrar.