Jeremias 6 é um grito. Um último aviso antes do colapso.
A Babilônia avança do norte. A destruição é certa. Mas o que dói não é a guerra. É a indiferença.
Deus não abandona. É o povo que se afasta.
Ele fala, insiste, espera.
Mas Judá não ouve. Está ocupado demais fingindo fé.
Líderes e sacerdotes enganam o povo.
Falam de paz enquanto o chão já queima.
“Curaram superficialmente a ferida do meu povo”, diz o Senhor.
É a religião que mascara a dor.
A espiritualidade de verniz que chama de cura o que só encobre a infecção.
Jeremias vê e chora.
O profeta grita, mas ninguém escuta.
As reformas são superficiais.
O templo está de pé, mas o coração desabou.
Deus se tornou hábito, não presença.
“Ponde-vos nos caminhos antigos.”
É o convite e o diagnóstico.
Voltar não é nostalgia.
É conversão.
É reencontrar o sentido.
É lembrar onde a fé começou e por que se perdeu.
Jeremias 6 não fala apenas de um império que cai.
Fala de toda alma que insiste em curar o invisível com aparência.
Fala do engano de quem confunde religião com reconciliação.
Deus ainda chama.
Mas o chamado é sussurro em meio ao ruído.
E poucos param para ouvir.
Não por falta de voz, mas por excesso de distração.