Jeremias 4 é um conjunto de pequenos poemas. Deus fala. O profeta repete. “Volta, Israel. Ouve, Judá.” É o chamado ao arrependimento, um convite para abandonar a idolatria e retornar à aliança.
Se o povo se voltar de coração sincero, haverá restauração. Mas, se permanecer endurecido, virá o juízo. Do norte se aproximam invasores, sinal do castigo que acompanha o pecado. Jeremias escreve em um tempo de ameaça. O texto foi composto no final do século VII a.C., durante o reinado de Josias ou logo após sua morte, quando a Babilônia se expandia após o colapso da Assíria. Judá estava vulnerável, e o anúncio da calamidade “do norte” antecipava a invasão babilônica que destruiria Jerusalém em 586 a.C.
O chamado ao arrependimento responde a reformas superficiais. A religião foi preservada, mas o coração se perdeu. O profeta lamenta e vê a terra desolada. A criação se inverte. A terra volta a ser sem forma e vazia. O pecado desfaz a ordem que Deus criou. “Circuncidai o coração”, diz Jeremias. A transformação verdadeira é interna. Não é rito, é retorno. Não é aparência, é essência.
Jeremias 4 revela o colapso espiritual que ocorre quando o homem se afasta da Fonte divina. A alma perde forma. A vida perde direção. A ordem vira confusão. Mas o convite permanece. Deus ainda chama. Ainda espera. A restauração é possível para quem volta de coração.