Jeremias 38. O profeta afirma que a rendição à Babilônia é o único caminho realista. Ele fala o que precisa ser dito, mas fala diante de autoridades que não querem ouvir. Os oficiais o acusam e conseguem que seja lançado numa cisterna com lama. Jeremias quase morre por dizer a verdade sem medir o impacto político de sua palavra. Coragem não elimina risco.
Ebed-Meleque surge como a surpresa do capítulo. Ele enxerga que a justiça não virá de onde deveria e decide agir. Convence o rei, puxa o profeta da lama, preserva uma vida que estava sendo sacrificada por conveniência. Sua ação revela que a verdade precisa de aliados prudentes, não apenas de mensageiros valentes.
Sedecias vive outra tensão. Ele sabe que Jeremias está certo, mas carrega um medo real. O risco de seguir a verdade não era pequeno. Havia pressão interna, ameaças externas, facções armadas, um império à porta. O rei hesita porque entende o custo político e pessoal da decisão. Não é covardia simples. É liderança acuada.
O capítulo coloca os dois lados sob luz forte. Jeremias fala com firmeza e quase paga com a vida. Sedecias sabe o que é certo, mas teme o que a verdade pode desencadear. Um sofre por dizer. O outro sofre por não conseguir agir. A reflexão não absolve nenhum, mas lembra que integridade exige coragem e prudência, e que liderança exige verdade e responsabilidade. Quando uma dessas peças falta, alguém acaba no poço. Às vezes o profeta. Às vezes o rei.