Jeremias 11. O pacto quebrado. A religião transformada em ritual vazio.
Deus lembra a aliança feita no deserto. “Ouçam a minha voz, e eu serei o seu Deus.” Mas o povo responde com aparência. Promessas sem presença. Fé sem verdade.
É o tempo das reformas de Josias. O livro da Lei é redescoberto, os altares são destruídos, mas os corações continuam distantes. A obediência é política, não espiritual. A aliança é recitada, não vivida.
Jeremias vê o que ninguém quer enxergar. A fé virou fachada. O culto, escudo. A justiça, base da aliança, desapareceu.
Quando ele denuncia, Anatote conspira. Sua própria terra natal quer matá-lo. Não é o inimigo distante que persegue o profeta. São os seus, sacerdotes e parentes, aqueles que deveriam reconhecer a voz de Deus.
Anatote é o símbolo da religião que teme a verdade. Prefere calar o profeta a mudar de vida. É o sistema que se protege da consciência.
Deus responde: “Não ores por este povo.” A aliança se rompe não por esquecimento, mas por recusa. A fé virou conveniência. A palavra, incômoda.
Jeremias entende que falar a verdade tem custo. A fidelidade à aliança exige solidão. Quem fala por Deus não fala por aplauso. Fala por obediência.
Jeremias 11 não é passado. É espelho. Toda vez que fingimos fé, Anatote revive.