Isaías 64 foi escrito depois do exílio babilônico. Jerusalém estava em ruínas. O templo, ainda por reconstruir. O povo voltou, mas encontrou a casa vazia e o coração cansado.
O profeta clama: “Ah! se rasgasses os céus e descesses.” Ele lembra os dias em que Deus agia com poder e o povo o seguia com fé viva. Agora, resta o silêncio. Só a lembrança do que foi perdido.
Isaías reconhece o pecado coletivo. “Todos nós somos como o imundo… e as nossas justiças, como trapo da imundícia.” O distanciamento de Deus não é castigo, é consequência. O profeta entende que o juízo também é cuidado: uma forma de Deus chamar de volta.
Mesmo nas ruínas, há esperança. “Tu és o nosso Pai. Nós somos o barro, e tu és o oleiro.” O mesmo Deus que julgou é o que restaura. Ele ainda molda o que foi quebrado. Ainda pode refazer o que o pecado deformou.
E, de algum modo, essa oração é nossa também. Às vezes, voltamos do exílio das nossas próprias distâncias com Deus. Voltamos à Jerusalém interior e encontramos tudo em pedaços. Mas, como Israel, podemos clamar: que Ele desça outra vez. Que reacenda a fé. Que refaça em nós o que só Ele pode restaurar.