A dor que sentimos quando batemos o dedinho na quina é recurso. Proteção do corpo para que não possamos ignorar que algo não está bem.
Não sei quanto tempo eu sobreviveria se não sentisse dor. Queimaduras. Cortes. Esmagamentos. A dor alerta. Chama ao resgate.
Quando dói, o fluxo normal da vida se quebra, e somos obrigados a perceber o que normalmente ignoramos: vulnerabilidade, dependência, fragilidade. Não há escolha. A dor chama a atenção para o real, sem pedir licença.
Onde há dor, há algo que precisa ser compreendido, cuidado ou transformado. A dor não explica o mundo. Mas impede que a gente continue fingindo que já o entendeu.