Outro dia fiz uma análise sobre as demissões na Microsoft mas gerou interpretações diferentes do que eu queria dizer.
Falei sobre eficiência e produtividade, e meu erro não foi deixar de explicar o ponto principal, mas sim ignorar o mais importante: o vocabulário.
Em ambientes corporativos, vocabulário não é detalhe. É critério de julgamento.
Veja “eficiência”, por exemplo. Em gestão, essa palavra raramente tem a ver com esforço individual. Quase sempre significa retorno financeiro por unidade investida. Um bom proxy? Faturamento dividido pelo número de pessoas.
Nos comentários, muita gente rebateu: “É difícil acreditar que 9 mil pessoas não estavam contribuindo.”
Mas esse nunca foi o argumento.
A pergunta não é se estavam contribuindo. É: em que estavam contribuindo?
Estavam alocadas onde a empresa mais precisa gerar resultado hoje?
Talvez algumas pudessem ser realocadas. Mas o mercado acomoda isso melhor do que uma estrutura interna, mesmo numa empresa de quase 4 trilhões de dólares.
Quer outro exemplo? Concierge MVP.
Você promete um produto digital, mas entrega tudo na mão, por trás das cortinas. Já viu alguém vendendo agendamento automático e, na prática, respondendo tudo no WhatsApp? É isso. Um experimento bruto para validar valor antes de escalar.
Mentira corporativa ou experimentação extrema?
Depende. Do propósito, da transparência e da capacidade de entender a linguagem em jogo.
Sem compreender o vocabulário do negócio, você pode acabar perdido — confundindo ser produtivo com estar apenas trabalhando muito.
No fim das contas, esse é meu compromisso: ajudar mais gente a decifrar essa linguagem.
Porque no jogo corporativo, quem não fala a língua certa às vezes nem entra na reunião.