Relatos de nossas “férias frustradas” nos EUA por causa do COVID-19

Anualmente, como Microsoft MVP & RD, participo de uma conferência global, organizada pela Microsoft, na sede da empresa em Redmond. Nesse ano, decidi que não iria sozinho. Minha família iria comigo. Nossa esperança era superar traumas do passado.

Passagens compradas, hotéis reservados, carro alugado. Estávamos prontos! O plano era passar duas semanas nos EUA.

Evento cancelado!

Duas semanas antes do evento, recebi um email da Microsoft informando que. em virtude do COVID-19, o Microsoft MVP Summit 2020 estava suspenso, pelo menos presencialmente. No lugar do evento tradicional, uma edição on-line estava sendo preparada.

Honestamente, avaliei a medida da Microsoft como sensata. Afinal, gente do mundo inteiro estaria reunida nos EUA e o potencial de alguém se contaminar era grande. Entretanto, não considerei que o vírus estava em estágio tão crítico. Por isso, resolvemos ir de qualquer forma.

Antes de voar, consultamos alguns amigos que moram nos EUA. As opiniões sobre ir ou cancelar a visita estavam divididas.

Embarcando para Washington, DC

Na data marcada, dia 07/03, começamos nossa jornada rumo aos EUA. Iríamos passar três dias em Washington, DC – estado da Virgínia – antes de irmos para Bellevue – estado de Washington.

Os aeroportos no Brasil funcionavam, ainda, normalmente. Eventualmente, encontrávamos pessoas usando máscaras. Entretanto, era notório que não entendiam o propósito da mesma.

Nosso voo aconteceu normalmente. Nenhuma surpresa, nenhum susto.

Chegando a Washington, DC

Encontramos a capital do poder americano em dias aparentemente normais. Exceto pelos noticiários na TV, nos EUA, ninguém parecia se preocupar com o Coronavírus. As pessoas corriam nas ruas, comiam em foodtrucks, etc.

Caminhamos muito e visitamos diversos museus. Na TV, a CNN, que nos EUA é um canal de esquerda, xingava o governo pelo descaso com a população. Enquanto isso, a Fox News, que por lá é um canal de extrema direita, xingava o governo pelos impactos na economia.

Sem filas na inspeção de segurança

Na quarta-feira, dia 11/03, começamos nossa jornada rumo ao estado de Washington. Aliás, descobrimos, também, que o estado era um dos mais afetados pelo Coronavírus nos EUA.

Ao chegar no aeroporto, um primeiro sinal de problemas: Não haviam filas para a inspeção de segurança. Estávamos, literalmente, sozinhos! Os guardas, geralmente estressados e sérios, brincavam com o Otávio.

O vôo de pouco mais de seis horas foi normal. Não estava cheio, mas também não estava vazio.

O problema está no Norte!

Chegamos em Seattle e encontramos o aeroporto de Tacoma em situação deplorável. Estava muito sujo e havia muito acúmulo de pó (inclusive para os padrões americanos).

Nos dirigimos para a locadora de carros e, a essa altura, eu ja externava minha dúvida se estávamos fazendo a coisa certa ou se estávamos cometendo um engano gigante.

O atendente da locadora de carros tentou nos tranquilizar dizendo que, embora o estado estivesse em crise, o problema maior estava no norte. Lembrei que estávamos indo para Bellevue e me dei conta que estávamos indo para o Norte – ou seja, onde estava a condição mais crítica.

Sem jantar para vocês

Tínhamos reservas para um bom hotel. Chegamos, e o encontramos quase vazio!

Tentamos pedir serviço de quarto, que geralmente funciona 24 horas, mas ninguém atendia do outro lado. Desci à recepção para ser informado que, em virtude da baixa ocupação, alguns serviços, como o serviço de quarto, estavam operando em horários reduzidos.

Acabamos comendo alguns snacks e dormindo com fome.

Bellevue estava “estranha”

Não podemos dizer que a cidade estava parada. Em todo nosso período por lá, a cidade parecia funcionar – pelo menos, parcialmente.

Resolvemos fazer algumas compras e, devidamente, evitar lugares potencialmente movimentados. Aliás, não demorou muito para descobrir que as principais atrações da cidade estavam funcionando apenas parcialmente. Pelo menos, o Batman tinha “entrado no jogo”.

Fakenews! Fakenews!

Eventualmente, ouvíamos notícias assustadoras e falsas! Uma das atendentes na Apple Store, por exemplo, nos informou que havia o risco grande de fecharem as fronteiras do estado. Entretanto, não havia nenhuma notícia na internet que confirmasse essa estória.

Vamos voltar mais cedo!

No outro dia, bem cedo, vimos a notícia de que os EUA estavam fechando as fronteiras para os países da europa. Foi a “gota d’água” para que tomássemos a decisão de abreviar nosso “passeio” e tentar voltar mais cedo para casa.

O surpreendente foi, entretanto, perceber que as companhias aéreas estavam cobrando valores realmente exorbitantes. Além disso, não estavam nem mesmo considerando dispensar a cobrança de multas por adiantamento.

Resolvemos pagar o preço mais caro e vir para casa. Contamos com o apoio de nossa agente no Brasil para “fazer a coisa acontecer”. Sem ela, provavelmente ainda estaríamos nos EUA. Seremos eternamente gratos a ela!

Pandemia!

Coronavírus foi “promovido” a pandemia.  Isso nos assustou ainda mais.

Até onde entendemos, os seguros de saúde para viagem não “cobriam” doenças causadas por pandemia. Ou seja, se tivéssemos qualquer problema, estaríamos por nossa conta – Nos EUA, isso poderia significar falência!

A “máquina” não para!

A economia americana é extremamente alavancada. As pessoas, definitivamente, vivem no crédito e, talvez por causa disso, nada fechava. Best Buy, por exemplo, estava funcionando e, em minha experiência, não parecia ter menos clientes que o usual.

Fizemos amizade com uma das atendentes do restaurante do Hotel. Uma moça simpática, russa, que morava há mais de 20 anos nos EUA. Ela dizia que ninguém podia parar. As notícias relatando “medo da quebradeira” explodiam na TV.

Apple fechou as lojas no mundo todo (exceto China)

A Apple anunciou que iria fechar todas as lojas da empresa para evitar aglomerações. Na realidade, entretanto, não encontramos aglomerações nas lojas, nem nas da Apple.

Medo de “cair” no hospital

A ideia de ficar doente e cair no hospital  começou a ocupar meus pensamentos o tempo todo.

Se eu “caísse”, minha esposa teria muitas dificuldades para a “vida americana”. Se ela “caísse”, eu teria muitas dificuldades com o Otávio. Se ambos caíssemos, não gostaria nem de pensar o que seria de nosso filho.

Iniciando a viagem de volta

No sábado, uma semana antes do programado, iniciamos nossa viagem de volta. Passaríamos por Vegas – que estava com os shows fechados. Depois, Cidade do Panamá. Finalmente, POA.

Na Cidade do Panamá, encontramos inspeção na saída da aeronave. Eles estavam verificando a temperatura das pessoas. Todos estávamos bem.

Finalmente, Brasil

No domingo, uma semana antes do plano original, finalmente chegamos em casa. Todos bem e sem sintomas do Covid-19. De qualquer forma, resolvemos nos submeter a uma quarentena voluntária. Estamos em casa, sem contato físico com ninguém.

American Airlines suspendeu voos para o Brasil no sábado. Outras companhias aéreas seguiram o mesmo caminho. É provável que a gente não conseguisse voltar caso tivéssemos preservado nossa “escala” original.

Olhando o que está acontecendo aqui

Todos temos algum nível de “complexo de vira-latas”. Pensamos que estamos fazendo menos que os outros e que nosso país é menos responsável.

De fato, é impossível defender o indefensável. Mas, honestamente, as pessoas por aqui parecem estar se cuidando mais do que as que encontramos nos EUA. Enquanto nosso presidente parece estar brincando.

Sairemos de mais essa situação difícil. Acho honestamente que sairemos mais fortes!

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Elemar Júnior

Sou fundador e CEO da EximiaCo e atuo como tech trusted advisor ajudando diversas empresas a gerar mais resultados através da tecnologia.

Elemar Júnior

Sou fundador e CEO da EximiaCo e atuo como tech trusted advisor ajudando diversas empresas a gerar mais resultados através da tecnologia.

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