NOTA DO ELEMAR: Este post foi escrito por Fernando Neiva de Paiva e editado por mim.
Já fui cético com relação a Kanban. Confesso!
Durante muito tempo, confundi o método com o quadro. Por causa disso, talvez, não acreditava em seus benefícios tão difundidos. Achava tudo simplório demais. Resistia, também, porque sou defensor de Scrum e não acreditava que Kanban fosse me entregar nada melhor.
Minha percepção começou a mudar (e rápido) quando resolvi colocar algumas das ideias do Kanban em prática. Fiquei feliz em perceber que, antes de ter que substituir o (meu quase inquestionável) Scrum, conseguiria deixar ambos rodando de forma complementar (pelo menos, a princípio). Kanban é bem pouco prescritivo.
Passo #0 – Visualizando o processo
Gastamos algum tempo e modelamos um quadro explicitando o fluxo de atividades em nosso processo. As questões levantadas nessa atividade, por si só, já foram suficientes para verificarmos algumas oportunidades óbvias de melhoria.
Fiquei tão empolgado com os insights gerados que acabei levando a ideia de visualização do processo para outros setores na empresa (compartilho mais sobre essa experiência no futuro).
Insight #0 – O Custo da Baixa Qualidade
Em nossa empresa, os bugs são corrigidos (agora) pelo time de desenvolvimento (alteração recente, mas bem sucedida – também para compartilhar no futuro). Como quase todos tem urgência associada, acabam impactando nosso velocity. O lado bom, é que conseguimos encaixar a correção de bugs no processo comum do desenvolvimento.
No quadro Kanban, optamos por marcar todos os cards que representam bugs com uma tag vermelha – o custo da baixa qualidade ficou bem visível. Nós percebemos o quanto da força produtiva estava sendo desperdiçada corrigindo bugs e adequando necessidades mal especificadas.
A consternação no time foi tamanha que, naturalmente, passamos a atacar de forma orgânica as causas dos problemas e não somente corrigi-los. Fantástico! Em pouco tempo, poucas mudanças de processo induziram mudanças de comportamento. Logo, poderei dizer que temos uma nova cultura com muito mais qualidade.
Passo #1 – Estabelecendo prioridades e algumas métricas
Delimitamos o WIP. Para ser honesto, ainda estamos tentando fazer com que essa delimitação funcione.
Também estamos direcionando a priorização para o pessoal de negócios (exceto bugs que tem prioridade estabelecida por SLA).
A propósito, resolvemos atacar o baixo custo da qualidade de uma forma bem analógica: criamos um quadro visual indicando o volume de bugs tratados em intervalos de tempo delimitado (duas semanas, que é a duração de uma sprint em nossa versão Scrum).
Isso nos deu uma noção clara da mudança de tendência reflexo dessa nova postura. Nós optamos por utilizar um quadro físico pois o efeito psicológico é muito maior que apenas um gráfico em algum software de gestão.
Insight #1 – Kanban! Where? Everywhere!
Minha mudança de percepção sobre a metodologia foi tão grande que comecei a perceber o Kanban como forma de aumentar a produtividade em todos processos que me envolvia.
Acredito que essa não será uma verdade absoluta em todos os casos, mas foi interessante como encaixou bem para outros cenários.
Por exemplo, no time de implantação umas das queixas que havia era que faltava clareza para alguns stakeholders sobre qual cliente estava sendo implantado, se já havia sido concluída certa implantação e o quanto o time atual poderia suportar sem a necessidade de novas
contratações. Para resolver esses problemas, fizemos uma quadro kanban, delimitamos o work-in-progress e estipulamos algumas rotinas de priorização com a área comercial que é a responsável por essa função.
Também resolvemos outro problema deixando claro implantações impedidas. Comumente, apesar do esforço do gerente de manter todos avisados, havia cobranças do tipo: “Pensei que a atividade x estava andando… você deveria ter me cobrado de novo sobre isso…não é
possível que isto está parado!”. Marcando os card com impedimento de vermelho melhorou a clareza e a expectativa é que esses desalinhamentos desapareçam.
Estamos só no começo…
Esses exemplos ainda são muito recentes para contarmos eles como grandes sucessos. A maior parte inclusive ainda estão ocorrendo, porém os primeiros feedbacks tem sido muito bons e a comunicação parece estar melhorando muito.
Tenho dúvidas se consegui transmitir nesse post toda minha boa expectativa em relação a essas mudanças. Espero nas próximas semanas ter mais novidades e compartilhar com vocês o que deu certo e o que deu errado.
A propósito, estamos em busca da simplicidade e estamos lutando para gerar valor cedo. Se você tiver alguma experiência para compartilhar, ficaremos felizes em receber sua contribuição nos comentários.
Dica de leitura
Estamos lendo e estudando o livro Kanban, escrito por David Anderson. Originalmente, uma dica do Rodrigo Yoshima para o Elemar. Há outros recursos (alguns recomendados também pelo Rodrigo), que iremos indicar nos próximos posts da série.
NOTA DO ELEMAR: Este post é o primeiro, publicado aqui do blog em que eu (Elemar) atuei apenas como editor. Esta série será mantida por Fernando e eu. Espero que tenham gostado.