Comunidades técnicas são sistemas complexos! Assim, não podem ser transformadas de maneira prescritiva. Não é razoável esperar que os comportamentos dos agentes livres, ou membros, sejam determinados de maneira diretiva. Não há, de forma alguma, efetividade em comando-e-controle.
Relações de causa e efeito, embora possam ser estabelecidas, só podem ser identificadas depois da ocorrência de eventos, nunca antes. Não é possível planejar resultados, apenas influenciar.
A transformação de sistemas complexos, dessa forma, acontece apenas a partir de estímulos. É necessário, sistematicamente, estimular e monitorar resultados para determinar se a linha conduta que está sendo adotada está, ou não, levando a uma condição compatível com a desejada.
Dessa forma, uma comunidade que deseja se manifestar inclusiva, por exemplo, não o fará apenas a partir de um código de conduta – que, embora seja um passo importante, não garante nada. É necessário ir além, de maneira consistente e com persistência, para que a transformação real aconteça.
A declaração de um direito não faz com que ele exista. No lugar disso, legitima a luta daqueles que anseiam por ele. A formação de um direito geralmente elimina um privilégio e, por isso, está sempre cercada de conflitos.
Em sistemas complexos, qualquer ação ou ausência de ação é um estímulo. Por isso, é necessário muito cuidado com o que se está estimulando. Qualquer manifesto de poder, por sua posição, tem ainda mais “peso” em tudo que faz ou deixa de fazer.
O pensamento libertário, tão característico nos EUA, se inclina de maneira contrária ao conceito de legislação moral ou paternalista. Em termos simples, a ideia é que todo indivíduo terá condições de se defender e se portar de maneira apropriada. Não cabendo assim, a nenhuma forma de governo ou organização influenciar nessa direção.
Qualquer organização, que exerça estímulo em um sistema complexo, que não se posicione de forma libertária, ou seja, que em algum momento se manifeste a favor de princípios morais e sociais como apoio a sua finalidade, fica, então, eticamente implicada em estimular, vigiando e punindo, o que ou quem se afastar do que alegadamente defende. Caso contrário, poderá e deverá ser rotulada por omissão ou hipocrisia.
Em sistemas complexos, altamente interdependentes, como comunidades, geralmente é mais efetivo a aplicação do pensamento utilitarista. Ou seja, escolhendo linhas de atuação que favoreçam o bem maior. Em casos isolados, poderá parecer (e até ser) expressão de injustiça. Mas, se servir de “mensagem correta”, provavelmente valerá a pena.
O discurso é sempre mais bonito e agradável do que a urgência da prática!