Angústia é aquele instante em que a alma percebe que está diante do possível e do impossível ao mesmo tempo. Uma abertura. Um abismo. Não é medo de algo concreto, é a vertigem da liberdade. Kierkegaard falava disso com precisão: angústia é o preço de escolher quando nada garante que escolheremos bem.
Heidegger empurra o pensamento um pouco mais fundo. Para ele, a angústia desnuda o mundo. Retira o ruído. Mostra que estamos lançados num existir sem manual. É o momento em que tudo perde cor, mas justamente por isso aparece o contorno do que importa.
No fundo, angústia é um chamado. Um lembrete de que estamos vivos demais para fingir que tudo está resolvido. É desconforto, sim. Mas também é convite: a vida pedindo que a gente pare, olhe para dentro e decida quem quer ser no próximo passo.