Jeremias 20 mostra o profeta em queda. Judá agoniza antes do exílio. A Babilônia avança. A verdade incomoda. Pasur, líder religioso, o agride. Jeremias desaba. Não vacila. Desaba. Amaldiçoa o próprio nascimento. Quer silêncio. Quer sumir.
Mas não consegue.
A frase “a tua palavra era em meu coração como fogo ardente encerrado nos meus ossos” revela sua crise. Jeremias tenta calar, tenta conter, tenta sufocar. O fogo pressiona por dentro. Não dá trégua. Ele não fala porque quer. Fala porque o silêncio o destruiria primeiro.
Depois deste capítulo, o profeta muda. A esperança juvenil se rompe. Jeremias entende que fidelidade não anestesia. Apenas sustenta. Sustenta no limite, onde tudo treme.
E é aqui que o texto me pega. A palavra que nele queimava para sair agora queima em mim para entrar. Exige voz. Exige caminho. E antes que eu perceba, passa por mim também. Indomável.