Príncipe Lev Nikoláievitch Míchkin é o centro de O Idiota. O eixo moral. O coração espiritual da narrativa.
Dostoiévski o concebeu como um “Cristo moderno”. Um homem absolutamente bom. Lançado num mundo incapaz de compreender a bondade pura.
Chamam-no de príncipe. Mas ele não tem trono. Nem poder. Descende de uma linhagem antiga, agora empobrecida. O título é ironia. É contraste. Nobre apenas de nome, Míchkin encarna a verdadeira realeza. Sua grandeza está na compaixão. Sua força na pureza.
O nome revela o paradoxo. “Lev” significa leão, símbolo da força. “Míchkin” vem de mysh, rato, símbolo da pequenez. Dostoiévski une o sublime e o humilde. O leão do Cordeiro. Poderoso em pureza. Vulnerável em espírito.
O nome já anuncia a tese. A verdadeira nobreza não está na força, mas na inocência. E é essa inocência que o mundo despreza.