Isaías 54 é consolo. Para Jerusalém. Mas vai além. É também para todos que se sentem esquecidos. Escrito por um discípulo de Isaías no período pós-exílico, provavelmente após o retorno de parte dos judeus da Babilônia em 538 a.C., sob o domínio persa.
A cidade é retratada como uma mulher estéril. Sozinha. Envergonhada. Deus fala com ternura: “Canta, estéril, que não deste à luz.” A promessa é restauração. A solidão se tornará plenitude.
Deus assegura que Jerusalém será repovoada. Fortalecida. Protegida. A dor dará lugar à alegria. A vergonha ao canto. Sua aliança de misericórdia não falhará. Assim como jurou a Noé que as águas não cobririam mais a terra, o Senhor promete nunca mais abandonar o seu povo.
A posição do capítulo logo após o Servo Sofredor não é acaso. O sofrimento do servo abre caminho para a restauração do povo. Por isso, a cruz precede o consolo. A ferida prepara a cura.
Mas Isaías 54 não é só sobre Jerusalém. É sobre todos os que acham que Deus se afastou. Sobre quem perdeu a esperança. A mulher estéril é cada alma que pensa que o tempo passou. E Deus responde: ainda não acabou.
Ele promete paz. Promete justiça. Promete proteção. “Toda arma forjada contra ti não prosperará.” Nenhuma força humana, nenhum mal espiritual, prevalece sobre o que Deus protege.
Isaías 54 é promessa viva. O amor de Deus é mais firme que os montes. É um capítulo que não apenas consola, mas desperta.