Trabalha de graça?
Não espere ser tratado como alguém de valor.
Aprendi isso da pior forma. Ou melhor, parece que ainda não aprendi.
Anos atrás, fui convidado para palestrar em uma grande empresa. Fiquei honrado. Aceitei.
Quando perguntaram o preço, disse: cortesia.
Aceitei só transporte e hospedagem.
O que aconteceu?
Assento ruim no avião.
Ninguém no aeroporto.
Quarto simples, cama de solteiro.
No credenciamento, meu nome nem estava na lista.
Detalhe: eu era keynote.
A palestra foi ótima. O público adorou.
Mas ninguém da empresa falou comigo. NINGUÉM.
Nem um “muito obrigado”. Nada.
Peguei um táxi e voltei para casa.
No ano seguinte, novo convite.
Elogios pela palestra anterior.
Dessa vez, cobrei como quem não queria ir.
Pagaram. Então fui.
E aí tudo mudou.
Assento premium.
Transporte executivo.
Suíte enorme no hotel. ENORME.
Nada de filas.
Conversa com executivos no final.
Carro de volta ao aeroporto.
Minha palestra foi melhor? Não.
Eu estava mais famoso? Não.
Eu apenas cobrei.
Agora volto todos os anos para a empresa.
Sou “de casa”. Mas só porque cobro o valor que sei que tenho.
Há pouco tempo, errei outra vez.
Aceitei uma palestra sem cobrar.
Valor afetivo, justifiquei.
Keynote.
Do palco, vi a CEO comentando, elogiando, sorrindo.
Mas nada foi para mim.
Não me cumprimentou.
Entrou sem falar comigo.
Saiu sem falar comigo.
Nem antes. Nem depois.
Quer outra?
Um grande banco também me convidou para falar.
De graça.
Quem ligou não sabia quem eu era.
O executivo responsável nem apareceu.
Tinha reunião com uma consultoria que estava cobrando.
Eu “tinha” que entender.
Preço é linguagem.
Quem não cobra, fala baixo.
Tudo comunica sobre você.
Inclusive o preço que você cobra.
E você? Está falando alto ou baixo sobre o seu valor?