Chego a Cânticos 2 pensando no que é, para mim, uma relação ideal. Quero um amor que me veja além do que eu vejo de mim. Mesmo que eu me perceba simples, que me olhe como raro. Que leia minhas marcas não como defeitos, mas como histórias.
Quero poder descansar à sombra dessa presença. Sentir segurança. Saber que há cuidado. E ser também esse lugar de descanso para o outro. Quero abraços que sustentem, que sejam compromisso e não apenas impulso. Afeto com raiz. Intimidade com propósito.
Quero um amor que saiba esperar o tempo certo, que não force a primavera antes da hora, mas que, quando ela chegar, corra comigo para fora do inverno. Quero que a gente se ajude a proteger o que é nosso, a afastar as “raposinhas”; pequenas distrações, pequenas erosões; antes que cheguem perto da nossa vinha. Quero poder dizer, com verdade: “Minha amada é minha, e eu sou dela”. Que isso não seja posse, mas entrega.
E na minha relação com Deus, quero o mesmo espírito. Descansar à sombra da Sua presença. Saber que sou visto como raro, mesmo com as marcas que carrego. Ser amparado pelo Seu abraço e responder com entrega total. Esperar o tempo que Ele determina. Seguir quando Ele chama: “Levanta-te, vem comigo”. Quero que Ele seja meu refúgio e minha primavera. E quero ser, para Ele, uma vida que floresce em comunhão. Porque, com Deus, como no amor humano verdadeiro, o sentido está no cuidado mútuo: Ele cuida de mim, e eu vivo para honrá-Lo.