Uma das marcas da minha infância era a timidez. Eu não falava muito.
Por sorte, tive uma professora chamada Carla, na quinta série, que percebeu minha dificuldade e me apresentou ao teatro.
Por onde andará a profe Carla?
Senhoras e senhores: Fantasminha Pluft.
Aquele que tinha medo de gente. Era eu. Fui eu.
Personagem e intérprete — por anos.
O grupo de teatro, mesmo rudimentar, me ensinou o essencial:
imposição de voz, variação de tom, o tempo certo de fazer rir. E chorar.
Aliás, chorar foi a vida quem me ensinou.
Em toda palestra, em cada reunião. Presencial ou online. Com ou sem palco.
Há muito de Pluft aqui e ali.
Talvez até mais de Pluft do que de Elemar.
Não sei ao certo.
Falar em público deixou de ser dificuldade.
Não tenho mais medo de gente.
Pelo menos, não de muita gente reunida.
Mas às vezes acho que ainda tenho medo delas sozinhas.
Ou será da solidão?
Ainda me pergunto se superei a timidez
ou se apenas internalizei as técnicas que aprendi no teatro.
Falar para três mil? Fácil.
Difícil é conversar com quem se aproxima depois,
sozinho, quando a apresentação termina,
quando já tirei a máscara.
Aliás…
Cadê minha máscara?