Chego ao Salmo 150. O último do Saltério.
Seis versículos breves, intensos. Um coro final.
Um sopro de louvor que percorre todo o Livro.
Treze vezes o salmo convida ao louvor.
No hebraico, o número treze carrega sentido.
É o valor numérico da palavra ahavá, que significa amor.
Neste salmo, louvar não é apenas ato litúrgico.
É forma de amar.
Amor expresso em repetição.
Fôlego transformado em entrega.
Som convertido em devoção.
Louvar é amar com tudo.
O salmo começa com dois espaços.
O santuário, lugar humano. O firmamento, esfera divina.
Ambos se unem em um só propósito: louvar a Deus.
E ao fim, surge a palavra essencial: fôlego.
A mesma usada em Gênesis, quando Deus sopra vida no ser humano.
Aqui, o sopro retorna.
Transformado em som. Em louvor.
Respiração que vai e volta.
Vida que reconhece sua origem.
O louvor é completo.
Com instrumentos, com dança, com címbalos retumbantes.
Com corpo, alma, silêncio e som.
Nada é neutro.
Tudo quanto tem fôlego é chamado.
Estar vivo já é resposta.
No hebraico, os verbos estão no imperativo plural.
O chamado é coletivo.
Não parte de um adorador solitário.
É assembleia. Coral. Multidão.
Um louvor cósmico em sintonia com o Criador.
O Salmo 150 não é apenas leitura.
É convite. É respiração. É retorno.