Começo meu dia com o Salmo 104.
Ele me convida a reconhecer as obras de Deus e a perceber, com atenção renovada, os sinais da Sua presença no mundo. É notável como sua estrutura se assemelha à de Gênesis 1, ao descrever a criação em etapas, revelando não apenas o ato de criar, mas também o cuidado contínuo de Deus com tudo o que existe. O salmo destaca, assim, tanto a Providência quanto a Imanência divina: Deus não apenas cria, mas sustenta e habita a criação.
Um dos maiores desafios para quem crê é aprender a reconhecer, todos os dias, a presença viva de Deus na realidade ao redor. Não há razão para não se maravilhar diante do esplendor que se manifesta tanto nos dias de sol quanto nos de chuva, no orvalho sobre as folhas, no canto dos pássaros. Deus não fez. Deus não faz. Deus é.
Não invoco um Deus pessoal por necessidade, mas por escolha. Escolho viver essa forma de vida em que há um Deus que conforta, que ordena, que dá sentido — ao invés de uma existência fundada no Caos. Prefiro o modelo de ordenamento divino, tão visivelmente presente neste salmo.
Deus é Criador. E eu, sendo imagem e semelhança Dele, sou criador também. Ele é a essência do que age em mim. Não é alguém que observo de fora, mas o próprio agir que reconheço em mim mesmo. Ele cria ordenando o Caos, e eu também. Não por imitação, mas por reconhecimento.
Minha fé não é tese. É forma de vida.