Quando "Começar Tudo" Vira um Problema

No mundo vibrante da criação e no desafio de construir projetos que realmente façam a diferença – aqueles que chamamos de estruturantes –, é fácil se empolgar. Vemos tantas ideias brilhantes, tantas oportunidades acenando! Começamos muita coisa, com um entusiasmo contagiante, como um jardineiro animado plantando sementes por todo lado. O jardim fica cheio de potencial, repleto de brotos e botões promissores. Quem não ficaria animado?

O Dilema da Roseira: Energia Dispersa e a Falta de “Acabativa”

Só que tem um segredinho que a natureza (e a dura realidade dos projetos) nos ensina. Uma roseira deixada por conta própria, sem um cuidado especial, raramente nos presenteia com aquela rosa espetacular. Por quê? Simples: ela não é muito boa em escolher. Não sabe dizer qual botão tem mais chance de virar uma flor incrível e qual já perdeu a vez ou nunca teve muita força. Enquanto esses botões “menos promissores” ou até os que já “morreram no galho” continuam ali, eles seguem recebendo a preciosa energia da planta.

O resultado é inevitável: falta energia para a “estrela” do jardim, a rosa que tinha tudo para brilhar. A energia se dispersa, tentando nutrir tudo ao mesmo tempo. Em nossos projetos, acontece a mesma coisa. Quando não conseguimos “podar” o que não serve mais, o que perdeu o foco ou o que simplesmente não é a melhor aposta agora, a energia – nosso tempo, foco e recursos – acaba sendo desviada. A gente se sente como crianças correndo atrás da bola, todos indo para onde a última ideia brilhante apareceu, sem posição definida. O resultado? A gente não conclui muito, fica aquela sensação de descontinuidade, de esforço que não leva a um resultado concreto e a frustração de ver tanto potencial não realizado. Falta a tal da “acabativa”.

O Jardineiro Sábio: Mais Que Listar, Escolher (e Cortar!)

E é aí que entra a figura essencial: o jardineiro, com sua tesoura de podar. A priorização não é só fazer uma lista bonita do que gostaríamos de fazer; é agir com a sabedoria desse jardineiro. Priorizar de verdade não é só saber o que é importante – isso a gente geralmente sabe. É ter a coragem e a clareza para dizer o que avança e, crucialmente, o que vai ficar para trás, o que será podado para fortalecer o restante. É como o jardineiro que remove os galhos “ladrões”, mesmo que eles pareçam verdinhos, para concentrar a seiva nos botões que realmente vão virar rosas espetaculares. É ter um entendimento comum do que será nutrido.

Construindo para Durar: Estrutura, Método e Rosas Fortes

Sem essa “poda” consciente, sem o foco que a priorização traz, fica difícil colher os frutos. As equipes se sentem divididas, a falta de método e estrutura vira rotina, e corremos o risco constante de “morrer na praia”, com muitos começos promissores que nunca se concretizam.

Nos projetos estruturantes, aqueles que são a base para o futuro, essa “jardinagem” focada é ainda mais vital. Eles precisam de estrutura, método, indicadores para sabermos se estamos no caminho certo. Precisam de raízes fortes e galhos robustos. Esforços espalhados não criam essa base sólida. É preciso escolher onde investir a energia, podando o acessório, para garantir que a estrutura principal cresça forte e saudável, com um modelo de governança claro, pronta para dar flores incríveis e, mais importante, continuar dando flores, mesmo que o jardineiro precise focar em outro canteiro depois.

Mãos à Obra: Chega de Só Começar, Vamos Florescer!

Então, a pergunta que fica não é “Quantos botões conseguimos ter?”, mas sim “Quais flores incríveis queremos cultivar agora, e o que precisamos podar para que elas aconteçam de verdade?” Sim, às vezes cortar exige uma decisão, um consenso, e pode parecer que estamos abrindo mão de algo. Mas é essa escolha, essa poda estratégica, que separa um jardim apenas cheio de potencial e movimento frenético de um jardim que realmente encanta com flores reais e concluídas.

O desafio está em nossas mãos, e precisamos fazer mais do que apenas começar. Precisamos reconhecer que não dá para ter todo mundo fazendo tudo o tempo todo. Precisamos pegar a tesoura de podar. Isso significa ter conversas honestas sobre o que realmente importa agora, usar ferramentas (como um Trello bem cuidado, talvez?) para visualizar e alinhar essas prioridades, tomar decisões claras sobre onde nossa energia limitada será mais bem aplicada e, com disciplina, deixar ir o que foi definido que ficaria para trás.

Ao fazer isso, ao agir como jardineiros sábios e focados, transformaremos nosso jardim de ideias não apenas em um lugar cheio de promessas e frustrações escondidas, mas em um espetáculo de flores reais, de projetos concluídos com estrutura e método, e de valor entregue de forma contínua. É hora de escolher nossas rosas e, com coragem e foco, ajudá-las a brilhar de verdade!

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