Pronto e disponível. Eu sou. Há quem valorize. Há quem use. Poucos são.
Prontidão é lucidez. Corpo, mente e espírito alinhados no agora. Não é ansiedade nem esperança ingênua. É presença firme, inteira.
Disponibilidade é outra postura. Você chama, eu respondo. A hora não importa. Respondo rápido, quase instantâneo. Abro espaço, ofereço tempo, atenção e energia sem hesitar. É dizer estou aqui e provar isso no gesto.
Quando prontidão e disponibilidade se encontram, nasce confiança. Você vira alguém com quem o mundo conta de verdade.
E é aí que mora o perigo. Quem está sempre pronto e sempre disponível vira recurso. Vira tampão de urgência alheia. Vai para as brechas, nunca para o centro. É útil, mas não é visto. Resolve, mas não é escolhido. Fica para mais tarde, para de tarde, para quando não tem ninguém em casa. Para quando não há reunião, interesse ou ocasião.
Às vezes a demanda é muita. Outras vezes nem tanto. Mas a forma como te procuram revela sempre o mesmo padrão: você encaixa. Nunca pertence.
E o preço chega. Você fica sozinho. Pronto demais. Disponível demais. Lembrado só quando alguém precisa de alguém que resolva rápido e desapareça depois. Ou pelo menos não fique. Carência sem hora marcada. Companhia de conveniência.
Ser presente é virtude. Virar ferramenta é derrota.