Jeremias 36. Jeremias dita. Baruque escreve. O rolo circula no templo e a palavra ganha rua. Quando chega ao palácio, Jeoaquim nem finge respeito. Corta o texto em tiras. Joga no fogo. Acredita que apagar o papel apaga o problema.
Mas Judá está cercada. Babilônia de um lado. Egito do outro. O rei tenta segurar a própria imagem enquanto o país desliza. Admitir a profecia seria assumir que perdeu o controle. O fogo vira estratégia. Não é irritação. É medo travestido de autoridade.
A elite está rachada. Uns querem render-se. Outros clamam por resistência. Jeremias diz que a queda é certa. Para os patriotas, isso soa traição. Por isso o rolo vira alvo. Não é só censura. É guerra de narrativa. Palácio contra templo. Poder contra realidade.
E a reflexão chega aqui, sem grito, sem acusação. A verdade não depende do pergaminho. Não precisa que a protejam. Faz o que precisa fazer. Quando tentamos escondê-la, ela volta maior. Mais clara. Mais inevitável. A pergunta que fica é simples. Não o que negamos, mas o que já sabemos e ainda relutamos em aceitar.