Ando me sentindo cansado.
E esse cansaço tem cara de corpo pedindo pausa e de alma pedindo silêncio. Quando o corpo grita e a alma suspira, a gente fica no meio, tentando negociar com os dois lados, sem ganhar de ninguém.
O corpo pede descanso real. A alma pede espaço interno. E eu, no meio disso tudo, sigo tentando performar, entregar, cuidar dos meus, ser referência. É pesado. E quase ninguém percebe o quanto pesa.
Às vezes o cansaço não nasce do esforço, mas do acúmulo. De expectativas, de responsabilidade, de manter tantas coisas funcionando ao mesmo tempo. Quem carrega muito por muito tempo começa a sentir peso até no que ama.
Quando tudo puxa um pouco, no final parece que tudo puxa muito.
E tem um detalhe que quase ninguém admite: quem se acostuma a sustentar demais costuma perceber o próprio limite tarde demais. A mente segue no automático, mas o corpo cobra juros. E a alma… essa quer sentido, não só produtividade.
O meu cansaço não parece fraqueza. Parece sinal. Sinal de que já fui longe demais no modo “segura tudo”, e agora preciso de um intervalo para reorganizar o peso, não para abandonar a jornada.
Acho que vou me dar “silêncio” de presente. Isso se eu conseguir fazer calar a minha própria voz.
Silêncio é um remédio subestimado. Às vezes é exatamente isso que o corpo e a alma pedem, e a gente só entende quando finalmente para.
Silêncio não é ausência. É presença sem ruído.
Se hoje eu conseguir vou me dar isso, mesmo que por pouco tempo.