Nas sombras do esquecido, ecoam vozes que dizem de mim desatento, alheio, mergulhado em mensagens efêmeras não respondidas — pior, nem vistas, ignoradas em seu grito por atenção.

E eu, guardião das palavras, acusado de negligência, quando cada sílaba é um tesouro resguardado.

Dizem-me calado, voz quase extinta.

“Seis palavras, duas linhas!” — a indignação de quem vê a essência diluída em respostas escassas.

Apatia. Inação. Espelhos de um amor que definha, faminto por gestos.

Ah, as noites insones… (Conhecidas pelos que clamam!)

E as piores, repletas de sonhos abortados, onde o adormecer foge e o despertar é uma sentença. (Não, não é segredo!)

Ciclo vicioso: noite, dia, repetição.

Um caminho repleto de surpresas não antecipadas, desejos não planejados.

Lutando, outra vez, contra dragões já derrotados, em batalhas cujas vitórias parecem esquecidas.

Cansaço. Fadiga. Esgotamento.

Mas não, não é o fim, pois a esperança teima em dançar ao ritmo da persistência, mesmo quando a melodia falha.

Não sou o esquecido. Importo-me. Absorvo cada palavra, cada pausa. Silêncio, não por falta de resposta, mas por respostas que se perdem no caminho da intenção à expressão.

E assim segue: outra noite, outro dia.

Falam de meu silêncio, como se guardar palavras fosse fácil.

Estou ansioso, sim, pois cada palavra já dita ecoa em mim como um sino que não cessa.

Falar é arte, mas silenciar é domínio.

Evitando debates, debato-me para ser aquele que menos fala.
Evito debates, sim, porque é na quietude que me encontro, buscando o equilíbrio entre dizer e ser.

Agir — sim, é a hora, mais que nunca, de transformar pensamento em movimento.

Para não ser esquecido.
Para ser lembrado.
Para deixar de sofrer.
Para ser mais amado.

Cansaço, sim. Mas na fadiga, uma promessa de renovação.

Até quando? Até que o silêncio fale e o inesquecível se faça eterno.

Em tempo – que com o tempo não me acuses mais.
Pois é impossível relembrar do que não me permito, nem consigo, esquecer.